O preso Akram Rikhawi terminou a mais longa greve de fome de um palestino em protesto contra as políticas de detenção israelenses. Ele chegou a um acordo com a Autoridade Prisional Israelense nesta segunda-feira (23/07), após 103 dias em jejum.
Ficou estabelecido que Akram será libertado em 25 de janeiro de 2013, seis meses antes do previsto, e poderá voltar para sua casa na Faixa de Gaza. A informação foi divulgada pela Addameer (Associação de Apoio a Prisioneiros e Direitos Humanos).
Carlos Latuff
O chargista brasileiro Carlos Latuff retratou a greve de fome de Akram Rikhawi em um de seus trabalhos
A organização disse que outro palestino, Hassan Safadi, continua em greve de fome há 33 dias. Sua saúde já estaria deteriorada, com testes indicando que ele desenvolveu pedras nos rins como resultado de seu protesto. Atualmente, ele apenas toma água e vitaminas.
Safadi faz greve de fome pela segunda vez. Ele chegou a ficar 71 dias em jejum, quando em 15 de maio Israel e lideranças das prisões chegaram a um acordo para atender as demandas dos palestinos nas prisões em troca do fim do movimento — em 17 de abril, 2.500 palestinos chegaram a começar a uma greve de fome. No mesmo dia, Safadi encerrou seu protesto.
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O palestino recomeçou o jejum na última semana de junho porque teve sua detenção administrativa (prisão baseada em arquivo secretos, sem necessidade de acusação ou julgamento) renovada, e viu isso como uma quebra do acordo por parte de Israel.
Problemas de saúde
Anat Livni, coordenadora de departamento de Prisioneiros da Organização Médicos pelos Direitos Humanos de Israel, afirmou ao Opera Mundi que em 6 de julho, uma médica independente o examinou. “Ela afirmou que sua situação pode representar um risco maior à sua vida, pois ele ainda não se recuperou completamente do primeiro protesto”.
Como exemplo, ela cita o caso de Taher Talahleh, libertado em junho, que passou por uma cirurgia no estômago devido às complicações pela greve de fome. “Essas pessoas saem das greves de fome com muitos problemas de saúde”, conta Livni. Além de Safadi, Saher al-Barq e Ayman Sharawna permanecem em greve de fome, há 64 e 24 dias, respectivamente.
Akram torna-se o último protestante bem-sucedido do movimento que ganhou o nome de “Intifada do Estômago Vazio”, iniciada em setembro de 2011 por um grupo de palestinos ligado à Frente Popular pela Libertação da Palestina, mas que ganhou força em janeiro e fevereiro de 2012, após a greve de fome de Khader Adnan, que chegou a 66 dias, a mais longa até então.
Depois dele, 11 palestinos fizeram longos jejuns, sendo que três conseguiram a liberdade: Hana Sahalabi, Thaer Talaleh e Mahmoud Sarsak. Outros fizeram acordos com Israel libertações antes do prazo, como no caso de Akram.