O assassinato de dois cidadãos haitianos na República Dominicana, a prisão de dois pescadores e o assalto à residência do embaixador haitiano no país vizinho gerou uma onda de protestos no Haiti que culminaram em uma crise diplomática entre as nações. Autoridades de Porto Príncipe chegaram a acusaram os dominicanos de racismo e xenofobia.
Espera-se que os chanceleres de Haiti e República Dominicana se reúnam durante a 10ª Reunião Ordinária do Conselho de Ministros da AEC (Associação de Estados do Caribe), que começa nesta terça-feira (10/03).
Agência Efe
Haitianos fizeram dois dias de greve (ontem e hoje) geral para pedir redução do preço da gasolina
Em meio à tensão diplomática, cinco consulados dominicanos no Haiti foram fechados na última semana e os diplomatas no país, chamados para consulta.
A tensão nas relações bilaterais teve início no começo de janeiro com a prisão de três pescadores não documentados, seguida pelo assassinato do haitiano Henry Claude Jean, encontrado enforcado em uma árvore em 11 de fevereiro em um parque de Santiago de los Caballeros, a 150 quilômetros de Santo Domingo. Lujis Jhoset, também haitiano, foi encontrado morto em 18 de fevereiro em Comendador, próximo à fronteira com o Haiti. Aos fatos violentos, soma-se também o assalto à residência do embaixador haitiano Fritz Cineas.
Diante dos acontecimentos, cerca de 10 mil haitianos protestaram diante do consulado da República Dominicana no final de fevereiro, onde apedrejaram o prédio e queimaram uma bandeira do país vizinho. O incidente foi uma das diversas manifestações de descontentamento com a forma como os haitianos são tratados do outro lado da ilha.
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Assim, também no final de fevereiro, o chanceler haitiano Pierre Duly Brutus escreveu uma carta às autoridades dominicanas na qual acusa o país de oferecer um tratamento “xenófobo e racista” aos haitianos que vivem na República Dominicana.
As declarações foram negadas por seu homólogo Andrés Navarro, para quem os fatos violentos são isolados e “não há um país mais solidário com o Haiti do que a República Dominicana”.
Mas, no último sábado (07/03), o presidente haitiano, Michel Martelly, afirmou que “a República Dominicana deve tomar medidas para frear a violência exercida contra os haitianos residentes no país” e condenou a agressão a interesses dominicanos no país e ressaltou que usará a diplomacia para resolver a questão.
A temperatura da relação entre as nações aumentou desde 2013 quando o governo adotou a sentença 0168/13, que despoja de nacionalidade mais de 200 mil dominicanas e dominicanos de origem haitiana, sob o pretexto de que seus pais haitianos são migrantes irregulares e que estão em trânsito no país. A irregularidade seria transmitida hereditariamente.