O procurador-geral dos Estados Unidos, Jeff Sessions, fez duas reuniões com o embaixador russo em Washington, Sergey Kislyak, durante a campanha presidencial, segundo reportagem do jornal Washington Post publicada na noite desta quarta-feira (01/03). Estes encontros não foram revelados durante o processo de confirmação de Sessions no Senado.
As reuniões aconteceram em julho e setembro, poucos meses antes das eleições realizadas no dia 8 de novembro, vencidas pelo agora presidente Donald Trump, e no meio de uma tempestade política pela suposta ingerência do Kremlin nas mesmas, através de ataques cibernéticos.
As reuniões foram reveladas ao Washington Post por meio de uma fonte do Departamento de Justiça, órgão liderado por Sessions, e que uma porta-voz do procurador-geral confirmou.
Sessions era membro do Comitê de Serviços Armados do Senado quando realizou esses encontros e o agora procurador-geral considerava os contatos com Kislyak e outros embaixadores em Washington parte de seu trabalho como legislador e não como membro da campanha de Trump, da qual era assessor. O jornal, no entanto, entrou em contato com outros 25 membros do comitê indagar se tinham mantido contatos com Kislyak – e 20 deles deram resposta negativa.
Senado
Durante seu processo de confirmação no Senado, os democratas perguntaram para Sessions por seus possíveis contatos com o Kremlin, por conta do clima de indignação por essa suposta ingerência nas eleições, e ele respondeu: “Não tive contatos com russos”.
A porta-voz de Sessions, Sarah Isgur Flores, disse ao jornal que a resposta do procurador-geral “não era uma farsa” já que este foi perguntado “sobre comunicações entre os russos e a campanha de Trump e não sobre reuniões que manteve como senador”.
NULL
NULL
Agência Efe
Jeff Sessions se encontrou com russos durante campanha, diz Washington Post
O senador democrata Al Franken, autor da pergunta, considerou a resposta de Sessions “um engano, no melhor dos casos”.
O Departamento de Justiça e o FBI, ambos sob a supervisão de Jeff Sessions, são os órgãos responsáveis pela investigação sobre a suposta ingerência russa nas eleições, assim como os supostos contatos entre a campanha de Trump e o Kremlin.
Democratas
Demorcatas no Congresso pediram nesta quinta-feira (02/03) a demissão de Sessions. A líder na Câmara dos Representantes, Nancy Pelosi, lembrou que Sessions “mentiu sob juramento” quando negou contatos com funcionários russos durante seu processo de confirmação no Senado e pediu sua demissão.
“O procurador-geral deve renunciar”, disse a congressista, solicitando que se forme uma “comissão independente, bipartidária e externa que investigue as conexões políticas, pessoais e financeiras de Trump com os russos”.
Também pediu a cabeça do procurador-geral, a senadora Elizabeth Warren. “Será que a procuradoria-geral terá última palavra na investigação das forças de segurança sobre as ligações entre a campanha de Trump e Rússia? É farsa. Isto não é normal”, disse a senadora, que propôs a designação de um promotor especial que fique encarregado pela investigação.
A nomeação de um promotor especial também encontrou o apoio do senador Lindsey Graham, um habitual entre os republicanos críticos de Trump, que disse que de se confirmar as informações sobre ele Sessions deveria se afastar da investigação.
O próprio Sessions reagiu à informação divulgada pelo jornal. “Nunca me reuni com funcionários russos para falar de assuntos da campanha. Eu não tenho ideia do que é isso. É falso”, disse em comunicado.
Estas revelações ameaçam criar uma nova crise no governo de Trump, que já viu há umas semanas como os contatos com Kiskyak antes, durante e depois das eleições lhe custaram o posto ao então assessor de segurança nacional da Casa Branca, general Michael Flynn.
O presidente Trump negou sempre qualquer tipo de conexão de sua campanha com o Kremlin.
(*) Com Efe