A Procuradoria Geral do Egito anunciou neste domingo (03/06) que vai apelar contra as sentenças emitidas durante o julgamento de Hosni Mubarak que absolveram seis funcionários do Ministério do Interior. Ao lado do ex-presidente e do ex-ministro do Interior, Habib al Adli, que foram condenados, eles eram acusados de envolvimento na sangrenta repressão realizada durante a revolta contra o regime no início de 2011, que oficialmente deixou 850 mortos.
“O promotor ordenou o início dos procedimentos de apelação”, informaram os serviços da promotoria.
Segundo a agência de notícias estatal Mena, o procurador-geral, Abdel Meguid Mahmoud, pediu a apelação contra estes veredictos um dia depois que a justiça egípcia condenou à prisão perpétua o ex-presidente Mubarak e o ex-ministro do Interior Habib al Adli por estas mesmas acusações.
Mahmoud também pediu que seja mantida a proibição de que esses seis colaboradores de Adli saiam do país, imposta em fevereiro de 2011, logo após a queda de Mubarak.
A sentença pronunciada ontem deu início a uma onda de protestos no Cairo e outras cidades do Egito, onde milhares de pessoas criticaram a absolvição desses funcionários, além do fato de Mubarak e seus filhos, Alaa e Gamal, terem ficado sem punição pelos crimes de corrupção dos quais eram acusados. A justiça considerou que eles prescreveram.
Os advogados do ex-presidente anunciaram ontem que vão apelar contra a condenação de Mubarak à prisão perpétua.
A decisão judicial foi anunciada apenas duas semanas antes de o Egito eleger pela primeira vez de forma plenamente democrática seu presidente, que deverá tomar o comando da Junta Militar que dirige o país de forma provisória.
No segundo turno do pleito presidencial, previsto para os dias 16 e 17, concorrem o candidato da Irmandade Muçulmana, Mohamed Mursi, e o militar reformado Ahmed Shafiq, último primeiro-ministro de Mubarak. Shafiq, apresentado por seus rivais políticos como o homem que vai comandar a continuidade do antigo regime, pediu em entrevista coletiva que as sentenças não sejam utilizadas “com objetivos eleitorais”.
Protestos
Milhares de pessoas continuam neste domingo protestando na praça Tahrir, no Cairo, contra a sentença que condenou Hosni Mubarak à prisão perpétua, segundo meios de imprensa locais e fontes de segurança. Depois do veredicto, uma multidão tomou a praça e cantava slogans exigindo a execução do ex-ditador.
Os manifestantes gritavam principalmente “Fora poder militar”, referindo-se aos militares que assumiram o poder no país após a queda de Mubarak, em fevereiro de 2011.
(*) com agências de notícias internacionais