Manuel Zelaya, presidente deposto de Honduras, partiu de Manágua manejando uma camioneta branca. Ao seu lado, estavam o chanceler venezuelano, Nicolas Maduro e o ex-guerrilheiro sandinista Eden Pastora, conhecido como “Comandante Zero”. Liderada pelos três, a caravana que acompanha Zelaya saiu rumo à fronteira, após Mel conceder uma coletiva de imprensa na embaixada de Honduras na capital nicaragüense, ontem (23).
Zelaya e Maduro param para abastecer em Estelí – Mario López/EFE (23/07/2009)
Durante a entrevista, o presidente deposto repetiu o que havia afirmado quarta-feira (22), que seu dever é o de regressar a Honduras. Quanto às Forças Armadas, que o esperarão na fronteira, Zelaya disse que a esperança é que “baixem as armas frente ao direito de se restabelecer a ordem democrática”.
“Faço um chamado às Forças Armadas para que não se manchem de sangue, principalmente como o do presidente da República”.
Ontem, o governo golpista de Roberto Micheletti antecipou a hora do toque de recolher na fronteira com a Nicarágua: das 18h (21h, Brasília) às 6h (9h), ao contrário do resto do país, que deve permanecer fora das ruas da meia-noite às 4h30 (3h às 7h30).
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Comandante Zero
O ex-guerrilheiro Comandante Zero tomou a palavra durante a coletiva: “Nós, revolucionários, baixamos as armas. Zelaya faz uma revolução pacífica, democrática e sem armamento. Eu quero acompanhar o presidente até onde possa, fisicamente, até a fronteira, como revolucionário, como centro-americano e como sandinista”.
Pastora, um dos líderes da FSLN (Frente Sandinista de Libertação Nacional), é conhecido pela tomada do Congresso nicaragüense em outubro de 1978, durante a ditadura de Anastasio Somoza Debayle, que posteriormente foi derrubada pela FSLN em 1979.
“Comandante Zero se disponibilizou voluntariamente e representa a eleição das urnas em lugar das armas”, afirmou o presidente deposto.
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Apoio
A marcha chegou na noite de ontem à cidade de Estelí, a 160 quilômetros de Manágua, metade do caminho até a fronteira. No percurso, no vilarejo de Valle de Sebaco, centenas de pessoas receberam Zelaya nas ruas com bandeiras da FSLN, cantando canções revolucionárias, com o céu colorido com fogos de artifício.
Hoje (24) a caravana chegará à cidade fronteiriça de Somoto, e deve entrar em Honduras amanhã (25), acompanhada de simpatizantes que chegam de todas as partes.
“Viemos pacificamente e sem armas para a reconciliação do povo de Honduras e não estamos dispostos a renunciar ao nosso direito de resistir à opressão reacionária e fascista dos golpistas. Estamos dispostos a enfrentar os fuzis e as baionetas dos militares, para que baixem a guarda”, concluiu Mel antes de partir.
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