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O conflito armado na Síria ganhou um novo ator nesta semana, com a fundação da FRS (Frente dos Revolucionários da Síria), grupo rebelde de orientação islâmica cuja base de atuação no exterior fica na Turquia, um dos primeiros países a romper com o regime de Bashar Al Assad.
Segundo Hamza Homsi, porta-voz da FRS na Turquia, a principal diferença deste grupo para o Exército Sírio Livre – até agora o principal grupo armado opositor – é que este é formado por desertores do Exército e dos serviços de segurança, enquanto a Frente é constituída por civis.
Integrante do Comitê Político do FRS, Homsi indicou que, além do centro de apoio criado na Turquia, a organização possui representação em outros países, embora tenha preferido não especificar onde estariam as outras bases.
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Em um comunicado divulgado à imprensa ontem, a FRS especificou que sua constituição foi firmada “após quatro meses de trabalho”. Neste mesmo comunicado, o grupo convidava todos os sírios a se unir contra Assad, cobrando um apoio “da nação islâmica” com dinheiro e armas.
Oposição fragmentada
Nesta quarta, Homsi disse que, por enquanto, o FRS “não recebe apoio oficial de nenhum Estado, seja árabe ou não”, mas de “inúmeras pessoas e grupos em diferentes países, principalmente de sírios exilados”.
A FRS não possui nenhuma relação direta com o Conselho Nacional Sírio, uma rede de intelectuais sírios exilados que durante os últimos meses tentou assumir o papel de porta-voz da oposição. No entanto, as disputas internas fragilizaram essa tentativa, o que desencadeou na recente renúncia de seu presidente, Burhan Ghalioun.
“O Conselho é uma entidade política formada no exterior da Síria; a Frente, uma entidade militar no interior. Elas não coincidem no campo de atuação, mas também não são adversárias. Todos estão trabalhando com o mesmo propósito: a queda do regime de Bashar Al Assad”, concluiu Homsi. Nesta quarta-feira (06/06), o CNS anunciou que empresários sírios no exterior criaram um fundo de 300 milhões de dólares para apoiar os insurgentes armados, sendo que metade desse valor já foi utilizado.
O FRS também não possui uma relação direta com a Irmandade Muçulmana, a organização islamita que dominou os debates no Conselho Nacional Sírio, apesar da imagem laica que tentou passar. “Não nos enquadramos em uma ideologia concreta e somos apartidários. Nossa Frente está dirigida por uma assembleia consultiva islâmica bem ampla”, explicou Homsi, sublinhando o papel do islã como base para o movimento e para sociedade síria.
A religiosidade da nova frente é óbvia, já que o grupo inicia e encerra sua carta de fundação com versículos do Alcorão. O logotipo do FRS, uma bandeira síria em forma de meia-lua, ressalta o aspecto islâmico do movimento. Sua breve carta de fundação também contém referências ao “compromisso com o islã” e à “pertinência árabe” da Síria, embora suavizadas pelo “respeito à diversidade religiosa”.
Esta orientação claramente islamita é algo inovador no panorama da oposição síria, que sempre insistiu em manter o caráter “cidadão” e não religioso da luta contra o regime. Segundo Homsi, o FRS, até este momento, é composto apenas por muçulmanos, mas “a Frente trabalha para todos os sírios”.
*Com informações da Efe e da Reuters.