A polícia de Malmö, terceira maior cidade da Suécia, fez recentemente um alerta a pessoas de ”aparência estrangeira” para que evitem sair sozinhas à noite depois de uma série de ataques a tiro ocorridos nos últimos 12 meses contra imigrantes. O caso mais recente aconteceu na noite desta quinta-feira (21/10), quando duas mulheres foram atingidas dentro de casa por disparos feitos pelo lado de fora da janela do apartamento no bairro de Kroksbäck. Elas não correm risco de morte.
Efe
Policiais investigam agressão a duas imigrantes na cidade de Malmö, na Suécia
”Ainda é cedo para dizer que o caso está associado aos ataques anteriores, mas ao menos desta vez houve testemunhas que viram um homem fugindo do local”, afirmou o porta-voz da polícia, Calle Persson. A violência de ontem e o anúncio da polícia trouxeram à tona o trauma de episódios semelhantes ocorridos há quase 20 anos.
Lasermannen (o ”homem do laser”) é como os suecos chamam John Ausonius, de 57 anos, condenado a prisão perpétua por ter matado uma pessoa e ferido com gravidade outras dez, todas estrangeiras, entre agosto de 1991 e janeiro de 1992. Ele usava um rifle com mira laser em seus primeiros ataques, motivo pelo qual ganhou o apelido da imprensa local.
Ausonius escolhia as vítimas a esmo, simplesmente pela aparência ”não-nórdica”. Uma delas foi um brasileiro, o músico Heberson Vieira da Costa, de 41 anos, que vive em Estocolmo e jamais recuperou completamente os movimentos em decorrência das lesões causadas por dois tiros na cabeça.
No caso dos ataques em Malmö, a polícia diz que pelo menos cinco foram causados por disparos de uma mesma arma. A hipótese mais provável é a de que seja apenas um homem, talvez responsável por até 15 atentados. Um deles teve uma vítima fatal: uma mulher de 20 anos, que estava dentro de um carro num estacionamento ao lado do namorado, que sobreviveu com ferimentos graves.
Leia mais:
Sarkozy ignora críticas e França começa a deportar ciganos
EUA: Staten Island vive onda de violência contra imigrantes mexicanos
Jogo online explora ódio contra muçulmanos em campanha eleitoral na Áustria
Atentados em Madri: cinco anos depois, muçulmanos têm liberdades cerceadas
Outro ataque aconteceu há duas semanas, quando o somaliano Basi Hassan foi baleado enquanto esperava um ônibus para voltar para casa no meio da noite. ”Nunca na minha vida poderia acreditar que eu seria baleado justamente na Suécia”, disse Hassan.
Contexto
Não foram apenas os ataques a estrangeiros que fizeram com que os jornais chamassem o atirador de Malmö de novo Lasermannen. Assim como no início dos anos 1990, a Suécia vê o crescimento de movimentos xenofóbicos e partidos de extrema-direita. Na época, ascendia o Ny Demokrati, que tinha John Ausonius com um de seus simpatizantes. Agora, o Sverigedemokraterna, partido que pela primeira vez conquistou um lugar no Parlamento nas eleições de setembro e cuja principal base de apoio vem justamente da região sul do país, onde está localizada Malmö.
”Quem está atirando em pessoas inocentes e o porquê, veremos. O que é certo é que chegou a hora de os cidadãos assumirem seu papel e lutarem contra esse sentimento ruim que cresce no país”, disse o jornalista Per Svensson, do Sydsvenskan, o principal jornal de Malmö.
Siga o Opera Mundi no Twitter
NULL
NULL
NULL