A empresa espanhola Repsol e a norte-americana Chevron venceram ontem (10) o processo licitatório para explorar dois projetos do bloco Carabobo na Faixa do Orinoco, na Venezuela. O país autorizou empresas de Estados Unidos, Japão, Espanha, Índia e Malásia para explorar as áreas Carabobo I e Carabobo III. É a primeira licitação de exploração petrolífera aberta à participação estrangeira desde que Hugo Chávez chegou ao poder.
O presidente da Venezuela e o ministro Rafael Ramírez, de Energia e Petróleo e também presidente da PDVSA (Petróleos de Venezuela SA), confirmaram à imprensa o resultado da licitação. “Estamos começando a escrever uma nova história para a Venezuela. Para que nosso país desenvolva relações de cooperação. O investimento internacional era importante, pois não conseguiríamos desenvolver o projeto sozinhos”, disse Chávez, segundo a rede TeleSur.
O vice-presidente de exploração e produção da Repsol, Nemesio Fernández, contou que a empresa realizou ofertas por dois dos três projetos licitados em Carabobo, mas no terceiro será apenas sócio minoritário da estatal PDVSA, segundo a agência de notícias britânica Reuters.
A estimativa de produção dos três projetos juntos é de 1,2 milhão de barris por dia. Segundo a Reuters, nos últimos anos, a produção petrolífera venezuelana vinha diminuindo.
De acordo com o jornal venezuelano El Universal, além da empresa espanhola também fazem parte do consórcio a indiana ONGC e a malaia Petronas.
Segundo Fernández, a PDVSA terá 60% do projeto, a Repsol, a ONGC e a Petronas terão 33% ao todo e os 7% restantes serão distribuído entre outras companhias indianas.
“Cada participante do consórcio terá 11% e duas empresas da Índia terão o restante”, disse o vice-presidente de produção.
O executivo da Repsol afirmou que a companhia ofereceu um bônus próximo do lance mínimo exigido pela licitação. Os pisos para a concorrência eram de entre 500 milhões de dólares e 1 bilhão de dólares, variando de acordo com o projeto.
Já o bloco Carabobo III foi concedido ao consórcio formado pela norte-americana Chevron, pelas japonesas Mitsubishi e Inpex e pela venezuelana Suelopetrol. A área tem um potencial de produção que pode chegar a 480 mil barris por dia.
Reservas maiores
O campo de Carabobo fica na Faixa do Orinoco, uma das regiões mais ricas em petróleo pesado em toda a América do Sul. Recentemente, um novo estudo divulgado pelo USGS (Serviço Geológico dos EUA, na sigla em inglês) estimou que as reservas na Faixa do Orinoco podem ser de mais de 500 bilhões de barris, o que faria o país ter o dobro de reservas da Arábia Saudita.
A exploração do campo de Carabobo sempre foi percebida como uma grande oportunidade de negócio pelas multinacionais. Apesar de ser um petróleo pesado – cujo refino é mais caro e cuja extração emite mais gás carbônico – é uma área onde a exploração é totalmente garantida e que fica muito perto do maior mercado do mundo, os Estados Unidos.
É a primeira vez desde a eleição de Chávez, em 1998, que a Venezuela abre uma licitação de exploração de petróleo para a participação estrangeira. No início do governo, o presidente acelerou a estatização do setor e aumentou os royalties e os impostos. A maioria dos países petroleiros aplicou uma política semelhante durante a última década, considerando que a única justificativa para contratos favoráveis às empresas era o preço baixo do barril. Mas, com a alta, os governos voltaram a negociar duramente.
Bolívia
No mesmo dia, na Bolívia, foi divulgado que a petrolífera francesa Total vai explorar o poço Aquío X-1001, entre Muyupampa (província de Chuquisaca) e Camiri (província de Santa Cruz), segundo a TeleSur.
O diretor da estatal YPFB (Yacimientos Petrolíferos Fiscales Bolivianos), Carlos Villegas, assegurou que a perfuração do poço é “um sinal inequívoco” do compromisso das multinacionais que operam na Bolívia em cumprir os planos de investimentos.
Villegas lembrou que, este ano, a YPFB elaborou um programa amplo e integral de investimentos de 1,4 bilhão de dólares em todo o setor, dos quais 50% correspondem às empresas que assinaram contratos de operação.
Atualizada às 10h27de hoje (11)
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