O vice-presidente da Venezuela, Jorge Arreaza, disse nesta quarta-feira (03/07) que o líder do país, Nicolás Maduro, tem informações de que o fechamento dos espaços aéreos de países europeus ao avião que transportava Evo Morales foi ordenado pela CIA (Agência Central de Inteligência dos Estados Unidos). As declarações de Arreaza foram feitas após uma reunião com o embaixador boliviano em Caracas, Luis Trigo.

“Um ministro de um dos governos que impediu o sobrevoo nos disse que foi diretamente a CIA que deu instrução às torres de controle da Europa para impedir o sobrevoo do avião da Bolívia”, contou Arreaza. Para ele, a informação é preocupante por colocar em dúvida “quem governa estes países”.

“[Quem governa] São os países realmente, ou é o imperialismo através da CIA?”, questionou, afirmando que a situação requer uma resposta “unitária” e “politicamente muito firme” dos países latino-americanos. O vice-presidente venezuelano também confirmou a presença de Maduro na reunião extraordinária da Unasul (União das Nações Sul-Americanas), nesta quinta-feira (04/07), para discutir o ocorrido.

Morales viajou à Rússia para participar de uma reunião de países produtores de gás, mas,na volta, teve que permanecer por 13 horas no aeroporto de Viena depois que França, Espanha, Itália e Portugal lhe impediram de aterrissar ou sobrevoar seus territórios, devido à suspeita de que o ex-agente da CIA Edward Snowden, responsável pelo vazamento dos programas de espionagem dos EUA, estaria em sua aeronave.

O chanceler venezuelano Elías Jaua pediu, por sua vez, o fim das “pressões grosseiras” a países que avaliam a solicitação de asilo do ex-agente. “Não haverá pressão de governo nenhum no mundo que impeça que os governos, que decidimos ser livres, de avaliar a solicitação de asilo que emita qualquer cidadão do mundo e tomar as decisões que lhe convenha, dentro do estabelecido no direito internacional”, afirmou.

O porta-voz do Departamento de Estado norte-americano, Jen Psaki, disse, no entanto, que a decisão de impedir a passagem do presidente boliviano pelos espaços aéreos foram decisões individuais dos países. “Deveria ser perguntando a eles porque tomaram essa decisão”, afirmou em coletiva de imprensa nesta quarta. Psaki não confirmou, contudo, se os EUA se comunicaram com os governos europeus para evitar uma suposta fuga de Snowden, buscado por vazar informações confidenciais em seu país.