O anúncio dos Estados Unidos de que serão retomadas as negociações diretas entre Israel e a Autoridade Nacional Palestina reforçou a divisão interna entre as facções palestinas e deixou evidentes as dificuldades de implementar qualquer decisão que saia de conversas que não incluam o Hamas.
Na manhã desta sexta-feira (20/8) em Washington, a secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton, de que as duas partes já teriam aceitado retornar à mesa de negociações. Logo depois do anúncio público de Hillary, o gabinete do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, respondeu que aceitava a retomada, sem impor pré-condições – algo inédito por parte da posição conservadora em Israel.
“Estamos chegando às conversações com um desejo genuíno de alcançar um acordo de paz entre os dois povos que irá proteger os interesses nacionais e de segurança de Israel”, disse o comunicado de Netanyahu, segundo o jornal israelense Haaretz.
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Pouco depois, o chamado Quarteto para o Oriente Médio (EUA, UE, Rússia e a ONU), que age como mediador no conflito árabe-israelense, declarou apoio à iniciativa. O quarteto reafirmou “forte apoio às negociações diretas entre israelenses e palestinos para resolver todas as questões relativas ao estatuto final que leve a uma solução negociada entre as partes, terminando com a ocupação que começou em 1967 e resultando na criação de um Estado independente, democrático e viável na Palestina”, de acordo com o jornal norte-americano Christian Science Monitor.
Rejeição
No entanto, pelo lado palestino, a resposta seguiu as linhas da divisão política que separa a Cisjordânia e a Faixa de Gaza desde 2007: o grupo Fatah (reconhecido pelo ocidente e baseado em Ramalá), de Mahmud Abbas, aceitou negociar, mas o Hamas (baseado em Gaza) rejeitou a o convite.
“O Hamas rejeita o apelo norte-americano para a retomada das negociações. O povo palestino não vai se sentir obrigado pelos resultados do atual convite enganoso”, disse um líder da facção, Abu Zuhri, à agência de notícias francesa AFP.
No mesmo tom, o grupo fundamentalista Jihad Islâmica disse que Abbas não representará o povo palestino nas negociações e acusou a ANP de “capitular para os EUA em um movimento destinado a servir os interesses de Israel”.
Qualquer decisão saída das negociações, afirmou o Jihad, , de acordo com o jornal Yedioth Ahronoth“, vai deixar de representar o consenso nacional e popular palestino, servindo, ao contrário, apenas ao auto-interesse de um pequeno grupo que lucra com a divisão entre os palestinos”.
Pontos-chave
O objetivo destas conversações, segundo a imprensa dos EUA, será tocar em pontos de divergências até agora inconciliáveis entre israelenses e palestinos, como as fronteiras pós-1967, a questão do retorno dos refugiados e a posse sobre Jerusalém Oriental.
A agência de notícias norte-americana Associated Press, citando um diplomata da União Europeia em Bruxelas que pediu anonimato, adiantou que a data provável para o reinício das negociações é o dia 2 de setembro, uma quinta-feira.
A rádio oficial Voz da América informou que o próprio presidente Barack Obama deve fazer o convite formal em público até setembro e que as negociações devem ser sediadas em Washington. Mas os demais detalhes, conforme o governo, ainda estariam em definição.
“As partes devem chegar a um acordo para entrar em negociações diretas? Como – e quando – elas vão acontecer? Onde elas vão acontecer? Qual será a pauta da primeira reunião? São coisas como essas em que ainda estamos trabalhando”, disse o porta-voz de Hillary, P.J. Crowley, de acordo com a rede de TV CNN.
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