O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, acusou nesta terça-feira (21/01) outros países de estarem interferindo na política ucraniana e estimulando os protestos violentos que já chegam ao terceiro dia consecutivo. Ele afirmou, também, que fará “tudo o que for possível para ajudar a estabilizar a situação” na Ucrânia.
“Temos informações de que as desordens em grande medida são estimuladas desde o estrangeiro”, disse Lavrov, ao apontar que os instigadores não levam em conta os interesses da própria oposição e “tentam provocar violência”.
Agência Efe
Manifestantes em confronto com a polícia, no terceiro dia consecutivo de protestos na Ucrânia
No final de semana, um dos mais violentos desde o início do levante, mais de centenas de manifestantes ficaram feridos; 42 foram levados para o hospital, incluindo um homem que perdeu a mão após a explosão de uma granada de som. A polícia afirmou que cerca de cem oficiais ficaram feridos e 60 precisaram de atendimento médico. As autoridades policiais ainda disseram ter realizado 20 prisões.
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O chanceler ainda criticou duramente o papel da Europa no acirramento do conflito. Segundo o ministro, a Rússia preferiria que alguns europeus tivessem uma atitude mais cautelosa em relação à crise ucraniana.
Lavrov lembrou que vários membros de governos europeus participaram em Kiev de manifestações contra autoridades de um país com o qual mantêm relações diplomáticas. “Isto é simplesmente indecoroso”, ressaltou, colocando-se também à disposição para mediar a crise política na Ucrânia, caso seja solicitado.
Novas condições
Em meio ao terceiro dia consecutivo de violentos confrontos, a oposição ucraniana propôs novas condições para negociar o fim da crise: quer a retirada da polícia, a revogação do pacote de leis emergenciais e a renúncia do governo.
Agência RT
Manifestantes ucranianos constroem catapulta improvisada (e mal sucedida) para atirar pedras na polícia
“A esta altura, o básico é retirar as forças de segurança do centro da cidade, parar a violência, revogar o pacote de leis ditatoriais, e a renúncia do governo”, defendeu à Agência Efe Arseni Yatseniuk, líder do partido oposicionista Batkivschina (Pátria). Yatseniuk não deixou de atacar o presidente do país e culpar o seu silêncio: “Estamos como estamos porque o presidente não fala e se esconde há dois meses. O povo recebeu o direito de passar dos protestos pacíficos aos não pacíficos.”
No início das manifestações, em novembro, o presidente ucraniano aprovou uma série de leis restritivas de direitos. Segundo o opositor, as medidas tolhem a liberdade de reunião e de expressão; além de proibir a instalação de barracas, alto-falantes e palcos em locais, e permitir a detenção de manifestantes usando capacetes ou máscaras.
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Agência Efe
Com a bíblia nas mãos, uma manifestante reza no meio da rua em meio aos protestos contra o governo na Ucrânia
Panorama
Desde novembro, a Ucrânia tem vivido uma onda de protestos depois que o governo Yanukovich se recusou a assinar um acordo com a União Europeia. Desde então, milhares de pessoas saem às ruas diariamente para criticar — e também apoiar, no começo dos protestos — a decisão do presidente. Yanukovich argumenta que o acordo proposto pelo bloco europeu criaria dificuldades para a parcela mais pobre da população de seu país.
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Para tentar conter a crise, a Ucrânia assinou um acordo comercial com a Rússia em que Moscou autoriza o envio de US$ 15 bilhões (R$ 35 bilhões) à Ucrânia. A proximidade ou não do vizinho russo também é um elemento importante para a oposição ucraniana pró-UE e os manifestantes que tomaram as ruas de Kiev.