Milhares de salvadorenhos foram às ruas nesta quarta-feira (15/09) para protestar contra a concentração de poder pelo presidente direitista Nayib Bukele e o estabelecimento do bitcoin na economia do país.
Os manifestantes também protestaram contra uma medida instalada pela Câmara Constitucional do Supremo Tribunal de Justiça no final de agosto que autoriza a reeleição imediata do presidente em exercício, algo que é proibido pela Carta Magna do país.
Os juízes que votaram a favor da medida haviam sido nomeados pelo Congresso em maio deste ano, logo após Bukele, com apoio da casa legislativa, destituir um grupo de juízes da Suprema Corte e o procurador-geral do país. A situação foi criticada como sendo “concentração de poder”.
Em entrevista a Opera Mundi, em julho deste ano, a deputada do partido Frente Farabundo Martí de Libertação Nacional (FMLN), Anabel Belloso, representante da capital San Salvador no Congresso, chegou a afirmar que “com Bukele, perdemos todas as garantias democráticas em El Salvador”.
O ato desta quarta acontece no bicentenário da independência de países da América Central perante a coroa espanhola. As marchas foram organizadas pela sociedade civil e tiveram diversos pontos de encontro e percursos de deslocamento, como Parque Cuscatlán, a Universidade de El Salvador, o Centro Judicial Isidro Menéndez e o Instituto de Esportes (INDES).
@AnabelBelloso/Reprodução
Na imagem, manifestantes vestem blusas com o símbolo do bitcoin
Nas ruas estiveram presentes organizações estudantis, grupos feministas, veteranos de guerra, juízes, camponeses, sindicalistas, membros de partidos políticos, e indígenas. “Existíamos antes da colônia, da República, e hoje estamos presentes por todos aqueles que não têm voz. Como disse Monsenhor Romero, a justiça é como a cobra, só morde os pés descalços”, declarou o manifestante Ulises Piche à La Prensa Gráfica.
No final do ato, houve o registro de um caixa automático incendiado no Centro Histórico da capital, com a frase “não ao chivo de Bukele”. O “chivo” é uma carteira eletrônica que opera em bitcoins.
Nesta quarta-feira, a Guatemala, um dos epicentros da eclosão da independência da região no século 19, também registrou protestos na Praça da Constituição contra a celebração do bicentenário da independência porque, segundo os manifestantes, “não há o que se comemorar” já que os últimos 200 anos foram de “saques”.
Dentro do Palácio Nacional da Cultura um ato cerimonial comemorativo era celebrado com a participação do presidente Alejandro Giammattei.