As sanções impostas por países ocidentais ao Irã prejudicam diariamente milhares de pessoas que sofrem de doenças crônicas ou emergenciais. Farmácias e hospitais no país encontram dificuldade para importar medicamentos e equipamentos, o que em alguns casos acarreta em risco de vida dos pacientes.
Fatemeh Hashemi, filha de importante opositor ao presidente Mahmoud Ahmadinejad e diretora de fundação de caridade que lida com 6 milhões de pacientes, conta que pessoas com câncer, hemofilia, diabetes, esclerose múltipla e outros tipos de doenças não conseguem encontrar os remédios necessários no mercado iraniano e nem importa-los. Segundo a ativista, milhares de vidas correm risco.
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É o caso da filha de quatro anos de Mozhgan Elmipour, que precisava de cirurgia emergencial no esôfago. Sem possibilidade de tratamento em seu país, a garota foi levada por seus pais para o Reino Unido. “Os hospitais iranianos têm muitas dificuldades por conta das sanções e nem todo mundo tem a sorte da minha filha, de ter condições financeiras de vir pra cá”, contou sua mãe ao jornal britânico Guardian.
As restrições impostas por diversos países europeus pela União Europeia e pelos Estados Unidos não estão atingindo diretamente a área da saúde, mas as sanções no setor financeiro e bancário impedem qualquer tipo de transação entre contas iranianas e internacionais. Por esta razão, organizações de saúde e civis não conseguem comprar os remédios e equipamentos.
“Muitos doentes estão com dificuldades por conta das sanções contra bancos ou dos problemas decorrentes da transferência de moeda estrangeira”, explicou Hashemi. Embora os provedores estrangeiros não sejam legalmente obrigados a recusar compras de iranianos, eles preferem não realizar esse tipo de negócio para evitar problemas com a fiscalização.
Muitos iranianos que moram nos Estados Unidos relataram que tiveram suas contas bloqueadas por manterem algum tipo de transação com o país; alguns destes pertencem, até mesmo, à oposição ao governo iraniano. O bloqueio chega a impedir até mesmo a assinatura de jornais internacionais ou reserva de quartos em hotéis estrangeiros.
Segundo dados oficiais, apenas 3% dos remédios consumidos no Irã devem ser importados. Estes medicamentos tratam de doenças crônicas, como leucemia, diabetes, insuficiência renal, e a sua falta chega a prejudicar milhares de pessoas.
Neste ano, Hashemi escreveu uma carta para as Nações Unidas pedindo uma intervenção pelo bem da saúde dos iranianos. O secretário-geral da ONU, Ban Ki-Moon, divulgou no início deste mês um relatório, no qual denuncia este tipo de consequência das sanções.
Segundo o diplomata, as operações de ajuda humanitária no país estão sendo prejudicadas por conta das restrições ao Irã. “As sanções têm impacto significante na vida da população em geral, incluindo aumento na inflação, no preço de commodities e energia, no desemprego”, diz o texto.
“Mesmo empresas que tenham a licença necessária para importar alimentos e medicamentos estão enfrentando dificuldades em encontrar bancos de países terceiros para processar as transações”, acrescentou Ban Ki-Moon.