O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, criticou nesta segunda-feira (08/08) a decisão da agência de classificação de risco Standard and Poor's de rebaixar a nota da dívida norte-americana de AAA para AA+ pela primeira vez desde 1917.
“Não importa o que uma agência pode dizer, nós sempre fomos e sempre seremos uma nação AAA. Apesar de todas as crises que passamos, temos as melhoras universidades, as melhores empresas, e os mais inventivos empreendedores”, disse Obama.
De acordo com presidente norte-americano, o país não precisa de um agência de classificação para dizer que necessita de uma abordagem de longo prazo equilibrada para redução do déficit. Citando o megainvestidor Warren Buffet — que afirmou ver nos Estados Unidos um país 'AAAA', nota ainda maior que a melhor classificação cedida pela S&P –, Obama disse que é desta maneira que o mercado vê o país. “E eu também acredito nisso”, afirmou.
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Comentando a situação econômica do país, Obama voltou a defender os cortes de impostos sobre salários “o mais rápido possível”. Segundo ele, não efetuar esses cortes pode significar deixar de criar um milhão de empregos. “Não há nenhuma razão em não fazermos isso agora a não ser pelas férias no Congresso”, disse.
Mercados
Logo após o discurso de Obama, as bolsas norte-americanas intensificaram as perdas. O Dow Jones desceu já dos 11.000 pontos e segue a desvalorizar 4,54% para 10.925,00 pontos. As perdas no Nasdaq e no S&P 500 são mais expressivas. O índice tecnológico afunda 6% para 2.380,46 pontos, enquanto o S&P 500 cai 5,79% para 1.129,94 pontos.
As bolsas da Ásia e da Austrália fecharam esta segunda-feira em baixa. O índice Nikkei, do Japão, caiu 2,4%, enquanto a bolsa da Coreia do Sul teve queda de 5%, e Hong Kong, de 4%.
As bolsas europeias reagiram bem no início do pregão à intervenção do Banco Central Europeu, que comprou títulos da dívida pública de Itália e Espanha, que sofrem com elevadas dívidas. Os pregões, no entanto, refletiram o mal estar dos mercados mundiais e voltaram a fechar em baixa. Em Londres, o índice FTSE 100 terminou o dia com queda de 3,39%. Em Frankfurt, a baixa foi maior, 5,02% .
Calcula-se que as ações europeias tenham perdido cerca de US$ 920 bilhões nas últimas seis sessões, mais do que o PIB combinado de Grécia, Portugal e Irlanda.
Entenda
No auge da crise de crédito, que se agravou em 2008, a saúde financeira dos bancos no mundo inteiro foi colocada à prova. Os problemas em operações de financiamento imobiliário nos EUA geraram bilhões em perdas e o sistema bancário não encontrou mais onde emprestar dinheiro. Para diminuir os efeitos da recessão, os países aumentaram os gastos públicos, ampliando as dívidas além dos tetos nacionais.
Mas o estímulo não foi suficiente para elevar os PIBs (Produtos Internos Brutos) a ponto de garantir o pagamento das contas. Os EUA atingiram o limite legal de endividamento público – de US$ 14,3 trilhões (cerca de R$ 22,2 trilhões) – no último dia 16 de maio. Na ocasião, o Tesouro usou ajustes de contabilidade, assim como receitas fiscais mais altas que o previsto, para seguir operando normalmente.
O governo, então, passou por um longo período de negociações para elevar o teto. O acordo veio só perto do final do prazo (2 de agosto) para evitar uma moratória e prevê um corte de gastos na ordem de US$ 2,4 trilhões (R$ 3,7 trilhões). Mesmo assim, a agência de risco Standard & Poor's retirou a nota máxima da dívida dos EUA.
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