O Senado da Bolívia anunciou nesta sexta-feira (18/09) que será feito um referendo sobre a possibilidade de o presidente Evo Morales concorrer a um quarto mandato nas eleições de 2019. O presidente do Senado, Alberto Gonzáles, previu a realização do referendo para 31 de janeiro de 2016.
O projeto de lei que propõe a alteração do artigo 168 da Constituição, a fim de que Morales possa participar na próxima eleição presidencial, foi entregue ontem a Gonzáles por líderes de movimentos sociais ligados à Conalcam (Coordenação Nacional pela Mudança). A pergunta que será feita para os bolivianos ainda não foi elaborada.
A proposta seguirá agora para apreciação da Comissão Mista de Constituição, composta por senadores e deputados. Se aprovada, passará para votação em plenário. O MAS (Movimento ao Socialismo), partido de Morales, possui os dois terços do Congresso necessários para a aprovação do projeto.
Agência Efe
Presidente Evo Morales pode concorrer a um quarto mandato em 2019 caso proposta seja aprovada no Congresso e em referendo
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Em seguida, o presidente do Senado deve enviá-la ao Tribunal Supremo Eleitoral, que convoca o referendo para 120 dias após o recebimento. Para que data de 31 de janeiro anunciada por Gonzáles seja cumprida, o Congresso precisará aprovar a proposta em 12 dias.
No Twitter oficial do Senado da Bolívia, foi registrada a fala de Gonzáles de que a proposta “passará pelo povo e será o povo quem decidirá se quer reeleição ou não”. Em entrevista coletiva de imprensa, Gonzáles disse que “a única coisa que Evo deu ao país são dias melhores, e não como há 10 anos, com a oposição”.
#GringoGonzales Pdte. @SenadoBolivia: “Esta propuesta pasará por el pueblo y será el pueblo quien decida si quiere la repostulación o no”.
— Senado Bolivia (@SenadoBolivia) 18 setembro 2015
Evo Morales se elegeu pela primeira vez em 2005 e conseguiu o direito a uma terceira candidatura após ganhar uma causa na Suprema Corte.
Evo quer abrir restaurante
Em abril deste ano, o próprio presidente boliviano havia pedido ao MAS que encontrasse alguém para sucedê-lo. “Gostaria que vocês desde agora pensassem em como preparar para que outro companheiro se torne presidente. Temos cinco anos para preparar quem será o novo presidente a partir de 2020”, disse, durante inauguração do ampliado das Seis Federações do Trópico de Cochabamba. As declarações do mandatário foram dadas em meio à sinalização de setores indígenas do MAS de que defenderiam uma reforma na Constituição do país para viabilizar uma nova reeleição de Morales.
O presidente, no entanto, não tem demonstrado interesse em seguir no cargo por um quarto mandato, uma vez que tem planos de se retirar para Chapare, no norte de Cochabamba, e lá abrir um restaurante.
A oposição declarou que fará uma “dura e firme batalha” para que o projeto não seja aprovado. “Vamos convocar a Bolívia a dizer não a um sistema imperial que está pretendendo tratar a Constituição como cadarços do sapato de um imperador e seu entorno”, declarou o ex-presidente Jorge Quiroga.