O secretário-geral do PSOE (Partido Socialista Obreiro Espanhol) e líder da oposição, Alfredo Pérez Rubalcaba, pediu neste domingo (03/02) que o chefe do Governo, Mariano Rajoy, deixe o cargo devido ao escândalo de corrupção que afeta o governista PP (Partido Popular) por pagamentos ocultos a seus dirigentes.
Para Rubalcaba, Rajoy é “um empecilho” e “não pode dirigir o país em um momento tão delicado como este”. Segundo o opositor, o governante está “longe de ser uma solução” para os problemas da Espanha, “se transformou em um problema a mais” e por isso lhe pediu que “deixe a presidência do Governo”.
O líder da oposição considerou totalmente insuficientes as explicações dadas ontem por Rajoy sobre os pagamentos ocultos à cúpula do PP, incluindo o chefe do Executivo. Para Rubalcaba, o que a Espanha precisa agora para sair da crise é um governo “forte e confiável”.
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Após o discurso de Rubalcaba, o vice-secretário-geral de Estudos e Programas do PP, Esteban González Pons, fez um pronunciamento para pedir ao PSOE que mostre publicamente sua contabilidade interna. González Pons afirmou que o chefe do Executivo conta com “legitimidade suficiente” para continuair governando e acusou Rubalcaba de ter “espírito de revanche” por tentar “se aproveitar” politicamente da situação.
No sábado, em meio a mais grave acusação de corrupção que envolve o PP espanhol, Rajoy negou ter recebido pagamentos ocultos em sua primeira explicação pública desde o aumento do escândalo sobre os supostos salários extras pagos durante anos à cúpula da legenda por seu ex-tesoureiro Luis Bárcenas. “Nunca recebi nem dividi dinheiro oculto, nem neste partido nem em nenhum lugar”, afirmou Rajoy.
Escândalo
O jornal El País publicou na semana passada, com o título “Os papéis secretos de Bárcenas”, uma contabilidade escrita por ele e pelo também ex-tesoureiro do PP Álvaro Lapuerta, mostrando receitas (doações de empresários, a maioria do setor da construção) e despesas, com remessas de dinheiro aos dirigentes do partido.
Entre os receptores desse dinheiro, segundo essa contabilidade manuscrita, estão desde 1997 o próprio Rajoy, assim como a atual secretária-geral do PP, María Dolores de Cospedal, seus antecessores no cargo Francisco Álvarez Cascos, Javier Arenas e Ángel Acebes, e os então vice-secretários Rodrigo de Rato e Jaime Mayor Oreja.
Bárcenas é acusado desde 2009 no chamado caso “Gürtel” sobre corrupção, tráfico de influência e lavagem de dinheiro ligado supostamente a dirigentes do PP, que foi revelado após uma operação coordenada pelo então juiz Baltasar Garzón.