O presidente da Somália, Sharif Sheikh Ahmed, e o primeiro-ministro do país, Abdiweli Mohamed Ali, anunciaram neste sábado (06/08) que as tropas legalistas conseguiram derrotar os radicais islâmicos do grupo Al Shabab, vinculados à rede terrorista Al Qaeda, que tiveram de sair da capital, Mogadíscio.
“É o início da paz e da estabilidade para a Somália”, ressaltou o presidente somali, que considerou a retirada dos rebeldes da capital do país uma “vitória nacional”.
Leia mais:
Frente à cegueira da comunidade internacional, a Somália faminta alerta: 'Precisamos de ajuda'
Alto comissário da ONU vem ao Brasil ver como são tratados os refugiados estrangeiros
Refugiados somalis fogem para o Quênia
Barco naufraga no Iêmen e 49 refugiados somalis morrem afogados
ACNUR alerta para saques e conflitos entre refugiados na Somália
O anúncio do presidente e do primeiro-ministro ocorreu horas depois de porta-vozes do Al Shabab informarem que seus combatentes deixaram a frente de Mogadíscio, embora os milicianos tenham destacado que isso faz parte de sua “mudança na tática de guerra”.
No entanto, Ahmed afirmou neste sábado em entrevista coletiva no Palácio Presidencial que as Forças Armadas da Somália finalmente derrotaram os milicianos do Al Shabab e da Al Qaeda no país e que “sua retirada de Mogadíscio é um grande êxito para o povo somali”.
“Os insurgentes cometeram todo tipo de ações terroristas: mataram pessoas inocentes, provocaram deslocamentos em massa e impediram a chegada de ajuda humanitária, portanto continuaremos perseguindo-os até que saiam totalmente da Somália”, sentenciou o líder.
O chefe de Estado pediu à população que não retorne às áreas antes controladas pelo Al Shabab até que os especialistas em segurança do Governo revistem-nas para checar se não há explosivos como armadilha.
Um soldado do Governo, que foi enviado neste sábado ao distrito de Yaqshid, disse à Agência Efe que os especialistas estão avançando gradualmente e com muito cuidado para examinar todo o território abandonado pelo Al Shabab. “Suspeitamos que o grupo tenha deixado explosivos que possam detonar quando estivermos aqui, por isso estamos nos movimentando com muito cuidado”, apontou o militar.
Leia mais:
Unicef: 780 mil crianças podem morrer de fome na Somália
ONU declara crise de fome em duas regiões do sul da Somália
ONU adverte que crise de fome no Chifre da África será longa
Desnutrição severa dos refugiados da Somália supera 50%, diz ACNUR
Já o primeiro-ministro parabenizou o povo da Somália “por este grande êxito”, enquanto pediu às forças de segurança do Governo que estejam alerta para proteger os cidadãos.
O Al Shabab retirou na última sexta-feira (06/08) pela noite seus combatentes dos distritos de Yaqshid, Hawlwada, Karan, Huriwa e Daynile, todos eles pertencentes à jurisdição de Mogadíscio, mas ressaltou que continuaria lutando contra os soldados da Amisom (Missão da União Africana na Somália).
As áreas de Mogadíscio que eram controladas pelo Al Shabab ficaram completamente destruídas após dois anos de contínuos enfrentamentos entre o grupo e as forças do Governo de Transição, apoiadas pela missão de paz da UA (União Africana).
O porta-voz do Al Shabab, Ali Mohammed Rage, disse à rádio local Al Andalus – pertencente à milícia -, que se retiraram de Mogadíscio para evitar que os bombardeios da Amisom causassem mais mortes.
“Após um mês de longas reuniões e debates, decidimos mudar de tática de guerra e nos retirar totalmente de Mogadíscio, mas até estamos em outras zonas (da Somália)”, detalhou Rage. “A Amisom decidiu utilizar seu armamento mais pesado para massacrar os cidadãos de Mogadíscio, e como queremos reduzir o número de mortes entre a população civil, chegamos à conclusão de que temos de nos retirar”, acrescentou.
Leia mais:
Brasil doa 53 mil toneladas de alimentos para o Chifre da África
Galeria de imagens: rotina de refugiados somalianos no Quênia
ONG afirma que mais de 16 mil somalianos vivem no meio do nada no Quênia
Confrontos em Mogadíscio deixam 20 civis e 11 combatentes mortos
União Africana anuncia envio de mais soldados para Somália
Desde 2006, quando forças etíopes conseguiram restaurar a ordem em Mogadíscio após forçar a retirada da União das Cortes Islâmicas, a capital foi palco de constantes enfrentamentos.
“O povo está feliz, está nas ruas, se sente livre porque o fato de que não haja enfrentamentos em Mogadíscio significa que há paz na Somália”, disse à Agência Efe Abdulkader Mohammed Osman, analista político que visitou neste sábado as áreas de onde o grupo Al Shabab se retirou. “No entanto, deixaram uma cidade-fantasma com cidadãos fantasma, e por isso devem ser detidos e levados à Justiça”, acrescentou.
A Somália vive em estado de guerra civil e carece de um Governo efetivo desde 1991, quando foi derrubado o ditador Mohammed Siad Barre, deixando o país dominado por chefes tribais, “senhores da guerra”, milícias islâmicas e criminosos armados.
Siga o Opera Mundi no Twitter
Conheça nossa página no Facebook
NULL
NULL
NULL