O presidente recém-eleito do Egito, Mohammed Mursi, fez o seu juramento simbólico nesta seta-feira (29/06) na Praça Tahrir, no Cairo, capital do país africano. Durante o discurso, o político destacou o papel do povo na nova fase democrática egípcia e criticou indiretamente a Junta Militar que comanda o país desde a queda do ditador Hosni Mubarak em fevereiro 2011.
Agência Efe
“Cheguei aqui porque vocês são a fonte do poder. Ninguém está acima de vocês, nenhuma instituição e nenhuma pessoa”, exaltou Mursi. O candidato, ligado à Irmandade Muçulmana, derrotou nas eleições presidenciais Ahmed Shafiq, ex-primeiro ministro de Mubarak e candidato apoiado pelos militares.
Às vésperas do pleito presidencial (14/06), a Junta Militar dissolveu o Parlamento egípcio, eleito democraticamente em novembro de 2011, assumiu o controle do poder legislativo do país e restaurou a lei marcial dos tempos da ditadura, que permite prisões arbitrárias. Os militares também emitiram decreto que amplia os poderes das Forças Armadas e reduz os da Presidência, logo após o fim da votação no dia 17 de junho.
Mursi também se comprometeu em libertar os civis presos pelo exército desde o começo da revolução egípcia. Mais de 21 mil pessoas foram julgadas por tribunais militares desde a queda da ditadura, de acordo com diversos grupos de direitos humanos.
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O presidente falou rapidamente sobre as relações internacionais do país, prometendo “manter a paz” e melhorar o convívio com seus vizinhos na África e no Oriente Médio. “Nós nunca abriremos mão dos direitos dos egípcios, respeitando a vontade do povo com base em nossas relações exteriores”, afirmou.
A Praça Tahrir foi escolhida pelo político por duas razões: primeiro pelo simbolismo do local, que sediou as manifestações contra Mubarak em 2011; o outro motivo foi para driblar uma difícil situação política. O presidente deveria realizar este juramento diante do Parlamento, mas como o mesmo foi dissolvido, a Junta Militar alterou o local para a sede da corte. Mursi decidiu-se pela praça para não demonstrar nenhum apoio aos militares.
Esse mesmo juramento terá que ser repetido no próximo sábado na cerimônia oficial de sua posse, que será realizada no Tribunal Constitucional. Mursi foi eleito presidente do Egito após ter alcançado 52% dos votos nas últimas eleições presidenciais.