Os 12 países que integram a Unasul (União das Nações Sul-Americanas) foram unânimes ao aprovar, na noite deste sábado (14/03), uma resolução pedindo que os Estados Unidos revoguem o decreto que declara uma “emergência nacional diante da ameaça extraordinária” que a Venezuela representaria para a segurança do país.
Durante a reunião extraordinária do bloco, os chanceleres presentes pediram que os EUA coloquem em prática “alternativas de diálogo com o governo venezuelano”. Para o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, posicionamento da Unasul “mudará o mundo”. De acordo com ele, começa a nascer “a doutrina de paz da América do Sul”.
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Agência Efe
Reunião ocorreu a portas fechadas a pedido de Ernesto Samper
Reunidos em Quito, Equador, chanceleres dos países que integram o bloco tomaram conhecimento do relatório feito pela equipe que esteve na Venezuela no último dia 6 para favorecer o diálogo entre o governo e a oposição do país.
Os chanceleres ressaltaram que seguirão “acompanhando o diálogo político com todas as forças democráticas venezuelanas” e voltaram a manifestar apoio à realização das eleições parlamentares que ocorrerão em setembro que serão acompanhadas pelo grupo em todo o seu processo.
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“Os Estados-membros da Unasul expressam que a situação interna na Venezuela deve ser resolvida pelos mecanismos democráticos previstos na Constituição venezuelana”, diz o documento tornado público ontem, após reunião realizada a portas fechadas para a imprensa a pedido do secretário-geral do bloco, Ernesto Samper.
Além disso, os ministros das Relações Exteriores lembraram o “compromisso com a plena vigência do direito internacional, a solução pacífica de controvérsias e o princípio de não-intervenção”, e reiteram seu pedido para que “os governos se abstenham da aplicação de medidas coercitivas unilaterais que transgridam o direito internacional”.
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Ao anunciar o início dos trabalhos, Samper ressaltou que o organismo integracionista tem como princípios a paz, democracia e defesa dos direitos humanos: “esses são os três princípios ao redor dos quais nos baseamos e vamos continuar fazendo o mesmo aqui na Unasul”, disse.
Participaram os chanceleres dos 12 países que formam o bloco: Argentina, Héctor Timerman; Bolívia, David Choquehuanca; Brasil, Mauro Vieira; Colômbia, María Ángela Holguín; Equador, Ricardo Patiño; Guiana, Carolyn Rodrigues-Birkett, Peru, Gonzalo Gutiérrez; Suriname, Winston Lackin; Uruguai, Rodolfo Nin Novoa; Venezuela, Delcy Rodríguez; Paraguai, Eladio Loizaga, e Chile, Heraldo Muñoz.
A mandatária argentina Cristina Kirchner postou uma foto da reunião em sua conta no Facebook:
Repercussão
A chanceler do país, Delcy Rodríguez, reafirmou a importância do posicionamento da Unasul e ressaltou que “um possível bloqueio econômico, comercial contra a Venezuela castigaria a solidariedade internacional, nosso organismo de cooperação e de intercâmbio complementar”.
Já o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, afirmou que “está nascendo, com as resoluções tomadas pela Unasul, a doutrina de paz da América do Sul; está surgindo uma nova doutrina de diplomacia de paz, a doutrina Unasul, e não tenho dúvidas que vai mudar o mundo; vai mudá-lo”, acrescentou.
Maduro também qualificou de “bem-sucedido arranque” os exercícios cívico-militares que ordenou após saber do decreto de Obama que teve a participação de 100 mil venezuelanos. Ele ainda anunciou que os exercícios serão mantidos até 28 de março.