A diretora-geral da Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura), Irina Bokova, chamou a atenção da comunidade internacional nesta segunda-feira (02/04) para os conflitos no Mali, onde as ofensivas militares no norte do país ameaçam a integridade da cidade de Timbuctu, complexo histórico que abriga relíquias arquitetônicas dos séculos XV e XVI. Desde domingo, o local passou a ser controlado pelos rebeldes tuaregues, que reivindicam a autodeterminação da região, assim como ocorreu com várias outras cidades do norte do país.
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Segundo Bokova, o envolvimento de Timbuctu na zona de guerra pode levar à sua destruição. O complexo tornou-se Patrimônio Mundial da UNESCO em 1988.
“Chamo à atenção das autoridades malianas e às facções rebeldes que respeitem o patrimônio e os compromissos do país enquanto signatário da convenção de 1972 sobre o patrimônio mundial”, disse Bokova em comunicado. Ela ressaltou que a comunidade internacional também é responsável por salvaguardar este patrimônio, e não pode permitir que algo de grave aconteça a ele.
Para a responsável da Unesco, as “maravilhas arquitetônicas em Tombuctu, que são as grandes mesquitas de Djingareyber, Sankoré e Sidi Yahia, devem ser preservadas”, juntamente com os 16 cemitérios e os mausoléus“. São essenciais à preservação da identidade do povo maliano e do nosso patrimônio universal”, acrescentou.
A Unesco assinalou ainda a Convenção de 1954, que determina a protecção dos bens culturais em caso de conflito armado, impondo aos exércitos que evitem utilizar ou provocar danos aos bens do patrimônio cultural em tempo de guerra.
“A Unesco está disponível para partilhar os seus conhecimentos e a sua experiência para ajudar o Mali a assegurar a salvaguarda de Timbuctu”, garantiu Irina Bokova.
Este patrimônio ameaçado é hoje testemunha da era dourada de Timbuctu (também conhecida como Tombuctu), que nos séculos XV e XVI era tida como não só como uma capital intelectual e espiritual, como também um centro de propagação do islã na África.
Entre os monumentos, destacam-se as três grandes mesquitas (Djingareyber, Sankoré (na foto acima) e Sidi Yahia) e as bibliotecas que contêm milhares de manuscritos, alguns datados da era pré-islâmica. Existem ainda vestígios anteriores ao século V.
(*) com informações do jornal Público
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