Após oito anos, os colombianos se despedem de Álvaro Uribe neste sábado (7/8), quando o presidente eleito Juan Manuel Santos tomará posse do governo. Diante de um cenário bastante conturbado após o rompimento de relações com a Venezuela, o novo presidente terá como principais desafios acabar com a violência no país, solucionar a problemática da desigualdade social, reduzir a taxa de desemprego e impulsionar a economia, uma das promessas que sustentou sua campanha.
A Colômbia, apesar de ser o terceiro país mais rico da América do Sul, atrás apenas de Brasil e Argentina, está entre os mais desiguais do continente. De acordo com dados divulgados pelo governo, atualmente a pobreza atinge 46% da população, número que chegava a 53% em 2002, quando Uribe assumiu a presidência.
Segundo a Cepal (Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe), a Colômbia é o único país da América Latina que piorou seus níveis de desigualdade en anos recentes, ao passar de um coeficiente de Gini de 0,57 entre 2000-2002, a 0,58 en el 2002-2005. No coeficiente de gini, 0 corresponde à completa igualdade e 1 à desigualdade.
Desta forma, a criação de postos de trabalho surge como principal recurso para aumentar o poder de consumo e, desta forma, acelerar a economia colombiana, já que cerca de 12% da população está desempregada.
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Combater a pobreza e o desemprego são os novos desafios do governo Santos
Por outro lado, Santos se vê diante de uma situação favorável no âmbito dos investimentos estrangeiros, que também impulsionam a economia colombiana, e agora tem o desafio de manter o legado deixado por Uribe, que em nos oito anos de governo fez o investimento estrangeiro aumentar 50% no país, enquanto na América Latina a média foi de 20% de aumento.
Uribe conseguiu firmar acordos com 55 países e com isso impulsionar os setores de mineração, petóleo e aumentar as exportações do país. Apesar disso, o diretor de economia da Universidad de los Andes, Alejandro Gaviria, que foi vice-ministro do Planejamento de Uribe, não vê com bons olhos o legado deixado pelo então presidente.
Em artigo no jornal colombiano El Espectador, Gaviria avalia os oito anos do governo de Uribe como “contraditório”, já que aumentou os investimentos estrangeiros, impulsionando a economia, ao mesmo tempo em que não conseguiu reduzir o desemprego e a pobreza para amenizar a desigualdade social.
“Os feitos no âmbito dos investimentos e do aumento da exportação não impedem a exclusão econômica associada ao trabalho informal e isso precisa estar claro”, concluiu.
Venezuela
Diante dos atuais impasses entre Colômbia e Venezuela, Santos vê na economia a possibilidade da retomada de relações entre os países. O ex-ministro da Defesa, que nem sempre defendeu o diálogo com Caracas, tentará agora superar as diferenças e normalizar a situação com a Venezuela.
Para a região fronteiriça, por exemplo, Santos já declarou que seu governo estuda um plano com medidas para reativar a economia local, como os requisitos para a instalação de uma zona franca e aliviar a cobrança do IVA (imposto sobre o valor agregado).
Entre maio de 2009 e maio de 2010 as exportações da Colômbia para a Venezuela caíram 68,9%. Apenas em 2010 a queda até maio foi de 71,40%. Segundo a Cavecol (Câmera Venezuelano-Colombiana de Comércio), 2008 foi o melhor ano de intercâmbios comerciais, com um total de 7,289 bilhões de dólares, em contraste com 2009, com 4,6 bilhões de dólares.
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