O papa Francisco nomeou três mulheres para integrar o Dicastério que participa da escolha dos bispos. Até então esse departamento da Igreja Católica era ocupado apenas por homens.
A nomeação confirma uma declaração feita pelo sumo pontífice no início do mês, quando o papa mencionou sua vontade de ter mais mulheres em cargos de alto escalão na Santa Sé. Duas religiosas e uma laica integrarão o Dicastério para os Bispos, uma das nove congregações da Cúria Romana, encarregada, entre outras coisas, da nomeação dos bispos.
Entre as novas participantes do órgão estão a irmã italiana Raffaella Petrini, que já atuava como secretária geral do Governorato do Estado da Cidade do Vaticano, cargo que ela também foi a primeira mulher a ocupar. O outro nome escolhido foi o da freira francesa Yvonne Reungoat, ex-madre superiora geral das Filhas de Maria Auxiliadora e uma das sete primeiras mulheres nomeadas em 2019 membro da Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica, segundo departamento mais importante da Cúria Romana. Já a terceira escolhida foi Maria Lia Zervino, presidente da União mundial das organizações femininas católicas.
Desde o início do pontificado, em 2013, o papa argentino não esconde sua vontade de abertura da Igreja às mulheres. Em 2016, ele criou uma comissão para estudar a possível participação feminina como diáconos. O objetivo era abrir para as religiosas a possibilidade de ocupar esse posto, onde seriam autorizadas a pronunciar sermões nas missas, celebrar batizados, casamentos e funerais. Na época, o resultado do estudo apontou divergências e o sumo pontífice não conseguiu avançar no projeto.
Mas gradualmente as mulheres foram assumindo outros cargos na instituição. Em 2020, um ano após a entrada delas na Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica, uma laica, Francesca Di Giovanni, foi escolhida para ser a vice-ministra encarregada do multilateralismo na Secretaria de Estado. Em 2021, o sumo pontífice nomeou outra mulher, a freira francesa Natalie Becquart, ao cargo de subsecretária do sínodo dos bispos, uma função que já dava direito de voto nessa instituição que corresponde ao Parlamento da Igreja Católica.
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Há um mês, papa mencionou sua vontade de ter mais mulheres em cargos de alto escalão na Santa Sé
Também fazem parte dos cargos importantes da instituição Barbara Jatta, a primeira diretora dos Museus Vaticanos, Linda Ghisoni e Gabriella Gambino, ambas subsecretárias no Dicastério para os Leigos, a Família e a Vida, a professora Emilce Cuda, secretária da Pontifícia Comissão para a América Latina, Nataša Govekar, diretora da Direção teológica-pastoral do Dicastério para a Comunicação, e Cristiane Murray, vice-diretora da Sala de Imprensa da Santa Sé.