A União Europeia publicou, pela primeira vez em dois anos, nesta quarta-feira (06/01) um comunicado em que não se refere a Juan Guaidó como presidente da Assembleia Nacional da Venezuela.
Em nota, o Alto Representante da União Europeia para Assuntos Exteriores, Josep Borrell, disse não reconhecer as últimas eleições legislativas venezuelanas e afirmou que continuará trabalhando com “todos os atores políticos e da sociedade civil […], incluindo Juan Guaidó”.
O texto, apesar de ser vago em alguns trechos e não afirmar diretamente que desconhece a autoridade de Guaidó, denota um nível de status menor no tratamento dado ao agora ex-deputado que havia se autoproclamado presidente da Venezuela e que tenta derrubar o governo de Nicolás Maduro desde 2019.
De fato, a UE nunca se referiu explicitamente a Guaidó como “presidente interino”, cargo reconhecido pela maioria dos países que integram o bloco, além de outras nações como EUA, Brasil e Colômbia. Entretanto, o bloco europeu considerava a Assembleia Nacional eleita em 2015, da qual Guaidó era presidente, como “único órgão democraticamente eleito” na Venezuela. O ex-deputado se utilizou de seu posto no Parlamento para “justificar juridicamente” sua autoproclamação como “presidente encarregado” do país.
O mandato de Juan Guaidó foi encerrado nesta terça-feira (05/01), data em que os 277 deputados eleitos em dezembro de 2020 para o novo período legislativo tomaram posse.
O bloco chavista, o Grande Polo Patriótico, venceu a ampla maioria das cadeiras no Parlamento e marcou a reconquista do Legislativo pelo governo de Maduro após a derrota sofrida para a oposição em 2015.
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Em nota, bloco se refere ao opositor apenas como ‘ator político da sociedade civil’
Segundo a UE, o pleito “não cumpriu com os padrões internacionais para um processo crível” e, portanto, isso não permite “que a UE reconheça esse processo eleitoral”.
Sem mandato institucional, Guaidó e seus apoiadores deram início, também nesta terça-feira, a uma assembleia paralela, considerada por esse setor da oposição como a “Assembleia Nacional de fato”. A UE não fez referência a esse órgão comandado Guaidó.
EUA e Grupo de Lima
Os EUA também desconheceram a legitimidade da nova Assembleia Nacional da Venezuela, mas continuaram a reconhecer Guaidó como “presidente legítimo” do país.
A mesma postura foi adotada pelo países integrantes do chamado Grupo de Lima, que inclui Brasil, Colômbia, Peru e Chile.