Neste 7 de setembro, Dia da Independência, o ato contrário ao governo de Jair Bolsonaro (sem partido) no Vale do Anhangabaú, em São Paulo (SP), reuniu 50 mil pessoas, segundo estimativa dos organizadores.
A capital paulista foi uma das cerca de 200 cidades do Brasil e do Exterior que tiveram protestos unificados com o histórico Grito dos Excluídos e Excluídas contra o governo federal e pela democracia.
O Brasil de Fato circulou pelo Anhangabaú e ouviu manifestantes com diferentes perfis. Seja pela fome, pela falta de moradia digna ou pelo receio de uma ofensiva antidemocrática, todos carregavam, em comum, a palavra de ordem “Fora, Bolsonaro”.
Maria Arapoty, 55 anos
“A gente pensa que esse governo Bolsonaro precisa deixar a gente viver em paz em nosso território. Estamos sendo atacados. Precisa proteger a natureza”, afirmou, ao justificar sua presença no ato,
Sentindo na pele os efeitos da política anti-indígena de Bolsonaro, ela percorreu 25 quilômetros para participar do protesto.
“Nós queremos a demarcação do nosso território. As florestas e a mata atlântica precisam ser protegidas. Só existe natureza onde tem povo indígena”, defendeu.
Silmara Silva, 45 anos
“Hoje tem mais pessoas nas ocupações do que antes desse governo. As pessoas não têm dinheiro para comprar comida, quanto mais pagar aluguel. Vim porque precisamos mudar essa situação”, afirma.
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Wilson Raimundo Rodrigues, 72 anos
“Espero que essa manifestação seja uma demonstração no Brasil contra a tentativa de uma ditadura bolsonarista. Eu acho que tem pouca gente aqui, tem que aumentar”, cobrou.
“Vamos ter que lutar mais, ser mais radical contra esse poder que tá tentando acabar com o Brasil”, finaliza o aposentado.
@marcelanicolass/Levante da Juventude
Ato no vale do Anhangabaú, em SP, reuniu cerca de 50 mil pessoas, segundo organizadores
Felipe Rozini, 30 anos
“Já está demonstrado que o fascismo está aí. Do outro lado, eles querem violência. Nós temos que estar preparados. Particularmente acho vantajoso fazer atos. Mostra que tem gente vem se opondo, demonstra união. Precisamos de uma frente ampla”, opina.
Luzia Paula Cantal, 54 anos
“A minha expectativa é de que a população de forma pacífica e democrática demonstre suas insatisfações. As manifestação são movimentos democráticos. É um direito pleno. Seja de que partido for”, afirmou.
“Não vejo como uma ato negativo aqui ou na (avenida) Paulista (onde se concentraram manifestantes em apoio ao presidente), desde que, como pautas democráticas, que não ferem a Constituição”.
Ameaças bolsonaristas não se concretizaram
A OAB avaliou que a expectativa de violência contra a população e de atos de ruptura institucional por parte de apoiadores do governo federal, anunciadas publicamente nos dias anteriores ao 7 de setembro, não se concretizou.
“Todas as ameaças que nós havíamos recebido, compartilhadas nas redes sociais por policiais militares incitando colegas à comparecem na manifestação armados, diante de tudo isso, acho que realmente os atos correram de forma tranquila e pacífica”, avaliou Ana Amélia Mascarenhas, presidente da Comissão de Direitos Humanos da OAB-SP.
“Sem adentrar ao mérito dos absurdos contra o estado democrático e de direito que faz parte dos discursos do presidente, a Policia Militar de São Paulo teve organização suficiente para impedir tumultos e atos de violência na manifestação que abarcava pautas contrárias ao estado democrático e de direito, na avenida Paulista”, afirmou a advogada, que também é professora do curso de Direito da PUC-SP.