O partido venezuelano Podemos (acrônimo de Pela Democracia Social), membro da MUD (Mesa de Unidade Democrática) — conjunto de partidos opositores venezuelano –, solicitou à Embaixada dos Estados Unidos em Caracas, em setembro de 2009, para que interviesse contra o presidente Hugo Chávez, de acordo com despacho diplomático vazado pelo Wikileaks. Segundo o documento, o partido estava “preocupado” com as eleições legislativas de setembro de 2010.
Ricardo Gutiérrez, Juan José Molina e Ismael García — líder do partido — foram recebidos pelo embaixador norte-americano no país, Patrick Duddy. “Como já fez repetidamente no passado, García perguntou o que os EUA, por meio do NED (Fundação Nacional Pela Democracia, na sigla en inglês) ou outros canais do governo norte-americano poderiam fazer para ajudar o Podemos”, escreveu o diplomata. “O embaixador enfatizou que os EUA não estavam intervindo na Venezuela, e García respondeu: 'Sim, mas é hora de começar'”.
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Dissidência do MAS (Movimento ao Socialismo), o Podemos — de orientação social-democrata — apoiava Chávez até 2007, quando foi criado o PSUV (Partido Socialista Unido da Venezuela), partido que reuniu as forças chavistas. Desde então, o Podemos se apresenta como uma alternativa à oposição tradicional e ao chavismo.
“Os deputados começaram detalhando o que eles achavam ser uma destruição sistemática das estruturas democráticas da Venezuela por Chávez”, descreve o despacho, também revelando que os políticos detalharam sua participação no esforço da MUD para combater o presidente venezuelano, mas desacreditam em sua eficácia.
“Os deputados reconheceram a necessidade de oferecer à população um caminho alternativo ao chavismo nas eleições para a Assembleia Nacional, mas falharam ao não oferecer uma plataforma positiva e concreta”, observou Duddy naquele ano. Nas eleições, em 2010, o Podemos obteve 298.311 votos, ou 2.64% dos votos válidos, sendo o oitavo partido mais votado.
“Apesar de os deputados do Podemos terem entregue a mensagem de sempre, havia um elemento de pânico no apelo à embaixada. Essa urgência deve derivar da impressão tanto de que a democracia venezuelana está se aproximando de um estágio vulnerável como a de que o partido, independente de sua atual posição, enfrenta um novo desafio para sobreviver de acordo com a nova lei eleitoral. O apelo aos EUA foi feito em alerta ao potencial risco aos interesses norte-americanos por parte do envolvimento cubano e iraniano na Venezuela”, concluiu Duddy.
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