O ex-presidente da Colômbia Álvaro Uribe disse, enquanto ainda exercia a Presidência, que a melhor resposta aos “objetivos expansionistas” do presidente da Venezuela, Hugo Chávez, seria a ação militar, conforme revelou uma mensagem confidencial da Embaixada dos Estados Unidos em Bogotá, enviada em 17 de janeiro de 2008, revelada pelo Wikileaks.
O documento se referia aos assuntos abordados durante uma reunião entre Uribe e o chefe do Estado-Maior dos EUA, Michael Mullen.
“A melhor forma de conter Chávez, na visão de Uribe, continua sendo a ação, incluindo uso de militares”, diz o despacho, assinado pelo então embaixador dos EUA, William Brownfield.
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Uribe afirmou que Chávez tinha um plano, a ser concretizado em no máximo sete anos, para avançar sua agenda socialista bolivariana em território colombiano. Para isso, o governante venezuelano utilizaria as FARC (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) como sua milícia a fim de combater o governo de Uribe, segundo a mensagem.
Em outro despacho, conta que Uribe disse em uma das reuniões que a Revolução Bolivariana representa “uma ameaça comparável à de Hitler na Europa” e que Chávez é “uma mistura de alguém com sonhos imperiais”.
Guerrilha
Outro tema tratado no encontro foram as FARC e o ELN (Exército de Libertação Nacional). Para o ex-presidente colombiano, as atividades dos grupos são financiadas pelo tráfico de drogas e por extorsões e, por isso, devem ser classificados como terroristas.
Já Chávez, comentou o ex-embaixador na reunião, considera a guerrilha “movimentos insurgentes ou beligerantes”, formada por cidadãos que lutam por mudanças em um país que acreditam estar na direção errada.
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Então, Uribe pediu aos EUA para que trabalhassem com urgência no convencimento dos vizinhos da região. Para ele, o conceito chavista a respeito das FARC e do ELN poderia prejudicar a democracia, argumento que poderia ser utilizado para tentar convencer outros países da região.
Se ainda assim os países vizinhos se negassem a classificar os movimentos como terroristas, seria necessário dizer que haveria consequências negativas para o futuro dos seus países, segundo Uribe.
Eleições
Quem venceria as eleições, realizadas em 30 de maio de 2010, era outra preocupação de Uribe, que apoiava o então ministro da Defesa e atual presidente Juan Manuel Santos. O ex-presidente temia que a Venezuela influenciasse nos resultados, por meio do financiamento de um candidato. Por isso, Uribe dizia que poderia entrar no país vizinho, mesmo que não tivesse autorização para isso, com objetivo de capturar os líderes das guerrilhas.
Algum tempo depois do encontro, em março de 2008, o exército colombiano ultrapassou a fronteira que separa a Colômbia do Equador, para realizar a operação que resultou na morte de Raúl Reyes, o número dois das FARC, e mais 25 pessoas.
O ataque, feito a 1.800 metros da fronteira com a Colômbia, culminou no rompimento total das relações diplomáticas entre Bogotá e Quito. A Venezuela, em solidariedade ao Equador, também chamou seu embaixador e rompeu relações.
As relações entre Venezuela e Colômbia ficaram desgastadas por muito tempo. Em julho de 2010, dias antes da posse de Santos, Uribe acusou Chávez de fazer vistas grossas para as FARC e para o ELN em seu território. Então, o presidente venezuelano rompeu novamente as relações diplomáticas ordenando “alerta máximo” na fronteira. O diálogo foi normalizado após a posse de Santos em agosto.
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