O Instituto Nacional de Direitos Humanos (INDH) do Chile denunciou nesta quarta-feira (23/10) a existência de suposto centro de torturas dentro da estação de metrô Baquedano, localizada em Santiago, capital do país.
“Consultado por um suposto centro de tortura na Plaza Baquedano, o diretor, Sergio Micco, explicou que funcionários do INDH compareceram ao local à 1h da manhã desta quarta após a denúncia. Ele insistiu em sinalizar que se deve esperar pelos resultados da perícia feita pelo Ministério Público”, disse o Instituto pelo Twitter.
A denúncia viralizou quando um estudante afirmou ter sido preso ilegalmente pela polícia e levado a Baquedano. No local, ele relatou que viu outras pessoas amarradas, penduradas no teto e sofrendo torturas.
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Com a denúncia feita junto ao Ministério Público, dois juízes foram designados para apurar a denúncia em Baquedano. De acordo com o jornal La Tercera, não foi encontrado nenhuma evidência de que o local tenha sido usado como centro de tortura.
“Obviamente, o que estava sendo denunciado era muito sério, então concordamos imediatamente e nos reunimos com o pessoal de Carabineros, revisamos as câmeras de segurança e cada setor do recinto, juntamente com um advogado do INDH, confirmando que não haviam presos, nem registros de detidos”, disse um dos juízes.
Danahe Oñate/ Flickr
INDH contabiliza que 2.686 detidos no Chile e 584 pessoas feridas
Mais violações
O diretor do INDH se encontrou com o presidente chileno, Sebastián Piñera, para apresentar 46 denúncias de violação dos direitos humanos contra civis relatadas durante os protestos e nos horários em que regiões do país estavam em toque de recolher.
Micco afirmou ao mandatário que há casos em que detidos sofreram ameaças sexuais e com armas de fogo, além de presos amarrados pelo punho e que receberam golpes pelo corpo. “Expressamos ao presidente da República nossa grave preocupação com a violação dos direitos humanos durante esses dias de protestos”, disse o diretor.
Ainda na reunião, Micco solicitou que o INDH tenha acesso às informações sobre violações de direitos humanos cometidas por agentes do Estado. Segundo o instituto, há ao menos cinco denúncias de assassinatos.
No boletim desta quinta-feira (24/10), o INDH contabilizou 2.686 detidos no Chile. O instituto afirma que há 584 pessoas feridas, sendo 245 por arma de fogo.
ONU
A Alta Comissária das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet, enviou nesta quinta-feira uma equipe para investigar casos sobre violações dos direitos humanos no Chile.
“Depois de monitorar a crise desde o início, decidi enviar uma missão de verificação para examinar as queixas de violações de direitos humano no Chile. Parlamentares e o governo manifestaram interesse em receber uma missão da Human Rights da ONU”, disse Bachelet pelo Twitter.
Na quarta-feira, o governo chileno confirmou a morte de 18 pessoas durante os dias de manifestações e toque de recolher pelo país.