“A constituição de direita que foi proposta ao povo chileno foi rejeitada pelo mesmo povo”, foi a reação manifestada pelo presidente da Colômbia, Gustavo Petro, por meio de rede social, após a divulgação do rechaço chileno ao projeto constitucional “mais conservador” posto em votação no último domingo (17/12).
La constitución de derechas que se propuso al pueblo chileno ha sido rechazada por el mismo pueblo. https://t.co/uXDqL2qnVI
— Gustavo Petro (@petrogustavo) December 18, 2023
O destino da segunda proposta constitucional estava nas mãos da população chilena: se abandonaria, ou não, a Carta Magna imposta na ditadura de Augusto Pinochet duramente criticada durante as manifestações de 2019 conhecidas como o “estallido social”.
Com mais de 99% das mesas apuradas, a contagem dos votos foi concluída com 62% dos eleitores contrários ao texto, enquanto 38% favoráveis.
O plebiscito não apenas concentrou a atenção dos cidadãos chilenos, como também gerou uma grande expectativa internacional.
Repercussão dos jornais
Após o triunfo do “El contra”, vários meios de comunicação ao redor do mundo reagiram ao resultado.
Sob o título “O Chile rejeita a proposta da direita e mantém a Constituição nascida na ditadura de Pinochet”, a matéria do jornal espanhol El País destacava que o Estado andino batia um “recorde” ao “rejeitar duas propostas de Constituição em 15 meses”.
“Esta não é uma vitória do governo de esquerda de Gabriel Boric, que estava prestes a rejeitar a proposta. Na opção oposta estava o partido no poder, mas também setores da centro-esquerda que não fazem parte do governo e até grupos ultra, que superam o Partido Republicano à direita. Mas este plebiscito deu uma pausa em La Moneda, porque um resultado contrário teria sido um descalabro. O Executivo e seus partidos não comemoram, mas se reconhecem aliviados”, acrescentou a mídia.
Wikicommons
Já o jornal El Mundo, também da Espanha, afirmou que o resultado “põe a nu um acúmulo de falhas”. Mencionou, por um lado, a derrota do Partido Republicano e a sua incapacidade de redigir uma Carta Magna com sucesso. Por outro lado, afirmou que a esquerda “também é perdedora, porque o que celebra este domingo é a sobrevivência da Constituição de Pinochet”.
A BBC Mundo, emissora britânica, indicou que os eleitores independentes e de esquerda “puniram a direita”.
O jornal The Guardian, também britânico, disse que “o Chile votou para rejeitar uma nova constituição conservadora que ameaçava os direitos das mulheres”.
Mas há quem tenha direcionado o resultado às críticas. Na Argentina, o jornal La Nación questionou a competência do líder chileno, ao dizer que a decisão “enterrou uma das promessas de Gabriel Boric”. Ainda sobre o presidente, garantiu que “não entrará para a história como o líder que queria ser”.
Outro jornal argentino, o Clarín, por sua vez, ressaltou que o texto rejeitado era “mais conservador” porque agravaria “os princípios do livre mercado, reduziria a intervenção estatal e poderia limitar alguns direitos, como os reprodutivos”.
E agora, Chile?
Com a decisão de domingo (17/12), o documento constitucional de Pinochet seguirá em vigor pelo menos até 2026, quando se concluirá o mandato do atual presidente do Chile Gabriel Boric:
“Esclareço que, durante nosso mandato, se encerra o processo constitucional. As urgências são outras”, declarou o líder chileno, em discurso público logo após o resultado das urnas.
Diferentemente do ano anterior, quando a primeira proposta para uma mudança constitucional no país havia sido também rejeitada, o presidente não deu outras declarações além das que foram dadas na noite decisiva.