Durante o lançamento de “A Casa da Vovó – Uma Biografia do DOI-Codi (1969-1991), o centro de sequestro, tortura e morte da ditadura militar (Alameda, 612 págs, R$ 69), realizado na última sexta-feira (12/12) na Assembleia Estadual de São Paulo, o autor do livro, Marcelo Godoy, pediu que o ex-investigador do Dops Carlos Alberto Augusto, que estava na plateia, explicasse o que aconteceu no episódio conhecido como Massacre da Chácara São Bento, em Pernambuco, no ano de 1973.
Na ocasião, seis militantes da VPR (Vanguarda Popular Revolucionária, organização de esquerda) foram mortos. De acordo com o relatório final da CNV (Comissão Nacional da Verdade), a versão oficial do governo na época era que “um congresso terrorista” havia sido desbaratado. No entanto, integrantes da VPR negaram a realização da reunião, argumentando que era um “pretexto mentiroso para justificar o assassinato desses seis lutadores da causa antifascista”. A responsabilidade pela morte dos seis guerrilheiros é atribuída ao agente da Marinha José Anselmo dos Santos, o cabo Anselmo. No evento da última sexta, Carlos Alberto Augusto se disse amigo do cabo Anselmo.
Em diálogo tenso, Godoy e o ex-agente do Dops, também conhecido como “Carteira Preta”, discutiram sobre o trabalho de resgate dos fatos ocorridos durante a ditadura militar. Enquanto Carlos Alberto Augusto argumentava que os dois lados estavam preparados para baixas durante uma guerra, o jornalista disse que “a guerra é uma desculpa para a prática de assassinatos e torturas”. O “Carteira Preta” é um dos 377 acusados no relatório da CNV pelos crimes cometidos pela ditadura brasileira. No documento, ele aperece como o suspeito pelos desaparecimentos de Eudaldo Gomes da Silva e Edgar de Aquino Duarte, ambos em 1973.
O presidente da Comissão da Verdade do Estado de São Paulo “Rubens Paiva”, Adriano Diogo (PT), pediu que o ex-agente parasse de intimidar ex-presos políticos que estavam na plateia, como Amelinha Teles, e exigiu que ele se dirigisse apenas à mesa. Assista ao vídeo abaixo.
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