Seleção feminina do Qatar posa para foto antes de partida amistosa contra a seleção do Kuwait, em maio. Imagem via Doha Stadium Plus
Para o alívio das jogadoras de futebol muçulmanas, a FIFA finalmente liberou o uso do véu em torneios oficiais. “A todas as atletas do mundo, meus parabéns”, declarou o vice-presidente e membro do comitê executivo da FIFA, o Príncipe Ali Bin Al-Hussein, da Jordânia, que liderou uma longa campanha pelo fim da proibição do véu pela entidade. “Estamos ansiosos para vê-las em campo. O futebol feminino está em ascensão e nós contamos com vocês. Vocês tem todo o nosso apoio.”
Segundo blog da revista Ms. Magazine, a proibição entrou em voga em 2007, quando as regras formais do futebol passaram a proibir o uso de indumentária que declarassem afiliação religiosa ou colocassem a integridade física dos e das atletas em risco. O comitê executivo da entidade liberou o uso do véu após o comitê médico aprovar dois novos modelos que não prejudicam a segurança das jogadoras. Outros esportes, como rugby e taekwondo, já permitiam que as atletas utilizassem o véu durante as competições.
Ano passado, a seleção de futebol feminino do Irã foi diretamente prejudicada pela proibição: o time estava invicto e ocupava o primeiro lugar em seu grupo nas qualificatórias para as Olimpíadas de Londres, e as jogadoras foram obrigadas a retirar o véu para jogar uma partida contra a seleção da Jordânia. Elas se recusaram e o time foi penalizado com perda de pontos na classificação, o que acabou com as chances de a seleção feminina iraniana disputar o torneio olímpico.
A decisão da FIFA foi comemorada pelas federações de futebol de vários países árabes e pela Confederação Asiática de Futebol. “Esta decisão foi muito aguardada e nos deixa muito felizes. É uma questão de justiça para as jogadoras. Seu impacto positivo será sentido diretamente no entusiasmo das mulheres do Kuwait em jogar futebol”, disse Sheikha Naima Al-Sabah, presidenta do comitê feminino da federação de futebol do país, segundo o site OnIslam. O Qatar, que sediará a Copa do Mundo de 2022, também celebrou a decisão. “O número de mulheres jogando futebol irá crescer, assim como o apoio das famílias, das federações de futebol e das organizações do esporte, que receavam pela identidade muçulmana”, disse o conselheiro técnico do futebol feminino do país, Hani Ballan.
A Federação Francesa de Futebol, porém, rejeitou a decisão, declarando que pretende “respeitar os princípios constitutionais e legislativos do secularismo” na França, o primeiro país a proibir o uso público do hijab, a veste muçulmana que inclui o véu.
Como lembra a Ms. Magazine, para muitas mulheres a remoção do véu é uma exigência que fere uma convicção pessoal, não necessariamente uma imposição religiosa. Apesar de o hijab simbolizar a opressão das mulheres muçulmanas e limitar a liberdade pessoal, a proibição da vestimenta é uma política invasiva, que não colabora para a liberação feminina, ao contrário: pode parecer (e é) uma imposição ocidental sobre os costumes e usos islâmicos, e reforça ainda mais a resistência de homens e mulheres muçulmanas a considerarem a importância da promoção da igualdade de gênero e dos direitos das mulheres.
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