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O secretário de direitos humanos de São Paulo, Eduardo Suplicy, e o ex-governador do Rio Grande do Sul Olívio Dutra (sentado) em reunião com movimentos sociais
A reunião de articulação entre o governo brasileiro e a sociedade civil organizada do país, realizada durante o Fórum Social Mundial na Tunísia, encerrado ontem (28 de março), serviu como espaço de reivindicação dos movimentos sociais que pedem a reaproximação do governo com suas demandas. A ausência do ministro Miguel Rosseto, da Secretaria Geral da Presidência, responsável pela articulação entre governo e movimentos, foi apontada pelo representante da Central Única dos Trabalhadores, Leonardo Vieira.
Rosseto é considerado pelo sociólogo português Boaventura de Souza Santos como uma pessoa capacitada para fazer a relação entre os movimentos sociais e o governo se tornar efetiva.“Eu acho realmente que os movimentos sociais, desde que saiu o presidente Lula, deixaram de ter um contato efetivo e direto que tinham com o presidente. Eu penso que ainda está em tempo de inverter esse caminho, e de rapidamente procurar os movimentos sociais organicamente”, afirmou Boaventura.
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Representantes de movimentos sociais e do poder público brasileiro em reunião em Túnis
As dificuldades políticas enfrentadas pelo governo após as recentes manifestações foram o pano de fundo tanto para as críticas quanto para as manifestações de apoio. “Não dá para defender um governo que corte seguro desemprego. O governo Dilma endureceu o acesso ao Planalto. Como quer ser legitimado pelo movimento social?” questionou Danilo Moura, do Instituto Palmares.
Apesar das diferenças e cobranças, um consenso marcou o encontro: a necessidade de defender a democracia no Brasil e a legitimidade das eleições de 2014: “Não podemos repetir o que fez a esquerda em 1964, quando as críticas deixaram o governo tão isolado que abriu espaço para o golpe”, disse Mariana Venturini, da União Brasileira de Mulheres.
Quem representou o ministro Miguel Rosseto, da Secretaria Geral da Presidência, na reunião, foi Fabrício Prado, chefe de relações internacionais da pasta. Ele lembrou que o governo é pressionado todos os dias e que sem a cobrança do movimento social, a tendência é de que as “reivindicações do outro lado que não a sociedade civil sejam atendidas”.
Assim como Rosseto, outras ausências foram sentidas no encontro, como a da ministra Ideli Salvati, da secretaria especial de Direitos Humanos, que cancelou sua agenda no Fórum poucos dias antes de seu início. Ninguém do primeiro escalão do governo esteve presente no encontro.
Entre os políticos presentes, estiveram duas figuras de peso do Partido dos Trabalhadores, que não se elegeram nas eleições de 2014: o ex-governador do Rio Grande do Sul Olívio Dutra e Eduardo Suplicy, que assumiu a secretaria de Direitos Humanos na cidade de São Paulo após encerrar seu mandato de senador. Eles foram convidados pela secretária da Cidadania e da Diversidade Cultural do Ministério da Cultura (Minc), Ivana Bentes, que ajudou a articular o encontro entre os representantes do governo e sociedade civil, que não estava previsto na organização do Fórum.
Matéria originalmente publicada no site da EBC.