Atualizada às 12h35
Um famoso quadro religioso do gênio italiano Leonardo da Vinci mostra, de maneira muito sutil e até oculta, o perfil de um cachorro acorrentado que, para o pintor, era uma crítica ferrenha ao Papa e à Igreja Católica da época (fim do século e começo 15 do 16).
Segundo o especialista italiano Silvano Vinceti, presidente do Comitê Nacional para a Valorização de Bens Históricos do país, o simbólico detalhe foi encontrado no quadro “A Virgem das Rochas”, que atualmente se encontra no Museu do Louvre, em Paris. A descoberta, no entanto, gerou polêmica entre especialistas.
“Aquele cachorro é o ato de acusação de Leonardo da Vinci contra a corrupção da época”, disse Vincenti, que explicou que a conclusão do significado do animal foi tirada dos conceitos do próprio artista no seu “Tratado da Pintura”.
“Para Leonardo, o cão tem um significado preciso, o de 'não desobedecer', como ele mesmo escreve em um dos seus manuscritos. A corrente, então, é algo agregado por que representava no ambiente das caças medievais e renascentistas o instrumento que permitia que o senhor feudal evitasse que os cachorros comessem sua presa”, afirmou o especialista.
Wikimedia Commons
Pesquisador afirma que há um cachorro por trás da pintura – onde está o círuclo vermelho, na imagem
NULL
NULL
Vinceti diz que, “para Leonardo, o cão acorrentado é o símbolo do homem que deve obedecer a Deus, aos mandamentos divinos, a Jesus e à vida que Jesus encarnou perfeitamente para expressar o amor cristão”.
Além disso, o italiano também afirmou que a inesperada descoberta foi realizada por um dos investigadores do Comitê, Roberto Biggi, e explicou como ela foi feita.
“Chegamos a esse resultado com um trabalho novo, através do uso misto das tecnologias mais avançadas e dos instrumentos simples: uma lente de aumento especial que nos permitiu reexaminar com atenção cada detalhe da pintura e depois um photoshop avançado, com um software que permite sobreposições, decomposições e recomposições”, disse Vinceti.
Polêmica
Ao site il24ore, o diretor do Museu da Vinci Ideale, Alessandro Vezzosi, afirmou que considera que a descoberta, na verdade, é uma falsificação. Ele criticou os esboços que mostram uma imagem do cachorro. “Eu soube imediatamente – acrescenta o estudioso – que certamente não é um autêntico Leonardo o desenho dos três cães e a escrita para trás. Certamente é uma manipulação moderna”, disse.
(*) Com ANSA