Os taxistas de Paris não escondem a decepção diante do movimento registrado até agora durante os Jogos Olímpicos. Apesar de a cidade estar repleta de torcedores, o transporte público está sendo privilegiado pelos turistas. Os motoristas de táxi apontam uma queda de 50% no faturamento e pedem uma indenização das autoridades.
Desde o início dos Jogos Olímpicos de Paris, basta conversar com um motorista de táxi ou de aplicativo nas ruas da capital francesa para sentir a decepção generalizada. “Prometeram 15 milhões de turistas e até agora nada. Adiei as minhas férias achando que seria um bom negócio, mas o movimento está bem baixo”, reclamou o taxista Adel. “Em alguns bairros parece até a época da pandemia de covid”, disse o motorista.
O taxista aponta dificuldades enfrentadas pela categoria há meses em razão das obras dos preparativos para os Jogos, que já vinham impactando o setor. Para completar, desde 18 de julho a introdução de perímetros de segurança e o fechamento provisório de muitos pontos de táxi nas zonas olímpicas restringiram drasticamente a atividade dos motoristas.
Mas a principal crítica dos profissionais do setor é sobre o número de passageiros bem abaixo do esperado. Os turistas têm preferido usar os transportes públicos, seguindo a recomendação dos organizadores dos Jogos que, além de tentar realizar um evento ecologicamente mais responsável, queriam evitar uma sobrecarga do sistema.
Bairros vazios
Além disso, desde o início de julho o governo vinha incitando a população a tirar férias durante o período dos jogos ou optar por trabalho remoto, afim de evitar o uso dos transportes das cidades que acolhem as provas olímpicas. Resultado: com exceção dos locais próximos das provas olímpicas e das fan zones, muitos bairros de Paris estão mais vazios que de costume, em um período em que, tradicionalmente, os parisienses já costumavam deixar a cidade para as férias de verão no hemisfério norte.
“Os expectadores que vieram para os Jogos não estão compensando o impacto das restrições de tráfego, o fechamento de locais e a dissuasão de clientes regulares”, escreveram os sindicatos de táxis em uma carta enviada ao Ministério dos Transportes na quinta-feira (01/08). Diante da situação, eles pedem ao governo a criação de um “fundo de compensação financeira que cubra todo o período de privatização de locais de eventos ou espaços públicos (ou seja, de março até o final de outubro de 2024)”.
O ministro dos Transportes, Patrice Vergriete, disse que estava levando em consideração “todas as questões levantadas pelas federações de táxi em relação a esses Jogos Olímpicos e Paralímpicos” e que estava “comprometido em estudar as solicitações feitas pelo setor”.