No programa SUB40 desta quinta-feira (02/09), o fundador de Opera Mundi, Breno Altman, entrevistou o vereador de Curitiba pelo Partido dos Trabalhadores, Renato Freitas.
Nascido em Sorocaba, o vereador cresceu na periferia de Curitiba e se uniu à luta organizada apenas na faculdade, quando começou a cursar Ciências Sociais na Universidade Federal do Paraná, curso que abandonou depois de um ano.
Primeiramente filiado ao PT, depois ao PSOL, ele retornou ao PT já quando era estudante de Direito na UFPR. Mas Freitas afirmou que sempre foi politizado graças à cena do rap e do hiphop, da qual ainda faz parte.
Até por conta dessa trajetória, o vereador defende a luta nas ruas e enfatizou que recuar nas manifestações contra o bolsonarismo “é loucura”.
“No dia 7 de setembro, a gente tem que estar lá na frente e mostrar que o fascismo não é a maioria, é uma minora barulhenta e violenta, e nós somos uma maioria edificante. Os bolsominions nunca defendem Bolsonaro por suas propostas, sempre criticam o PT, estão sempre se esquivando de algo. Enquanto nós propomos soluções e temos que colocar essas propostas na rua”, ressaltou.
Ele destacou a importância da luta de rua em Curitiba, que ele mesmo definiu como um “polo do bolsonarismo”, mas que vem avançando, elegendo pela primeira vez dois vereadores e uma vereadora negros: “Representamos outro rosto, uma possibilidade, mas a mudança de fato está por vir. Acho que ela virá da juventude, que vai ser determinante para virar a balança e eleger Lula”.
Freitas ainda se mostrou otimista com relação às eleições de deputados, inclusive se disponibilizando para ser candidato, mas confessou achar improvável que o PT eleja um governador no Paraná.
Num balanço sobre o trabalho do partido, o vereador afirmou que a legenda precisa voltar para a base, “porque quando o fascismo ataca, ele começa pela margem, pela periferia, asfixiando, controlando e matando, então o partido tem que ter o pé e o espírito no povo”.
Mais do que isso, Freitas vê no trabalho de base a única alternativa para evitar que o PT se associe aos opressores e é isso que ele busca fazer como vereador.
Reprodução/PT
Renato Freitas, vereador em Curitiba pelo PT, foi o entrevistado desta quinta (02/09) no SUB40
“Se você oferece oposição ao sistema a nível institucional por muito tempo, você deixa de ser opositor, se associa ao sistema e a única possibilidade para sair disso é fazer a pressão de fora para dentro. Trazer as pessoas dos bairros para a Câmara dos Vereadores, não ficar nesse toma lá, dá cá. E por isso já estão pedindo a cassação do meu mandato”, expôs.
Esquerda no poder
Com relação à eleição presidencial em 2022, Freitas reforçou que o PT é o único partido capaz de fazer um enfrentamento contra Bolsonaro, mas disse esperar que, desta vez, o partido não tenha ilusões com relação aos setores liberais e de que eles apoiariam uma candidatura de Lula contra o presidente.
Fruto ele próprio de políticas públicas petistas, como o sistema de cotas raciais, o vereador disse que, diante de um novo governo de esquerda, ele gostaria de ver a retomada de políticas como o Minha Casa, Minha Vida, “porque quem paga aluguel é submetido a todas as humilhações possíveis e não tem o que fazer”.
“Acho que o PT [quando no governo] acertou em realizar a inclusão pelo consumo, a minha família pôde ter uma geladeira, mas isso, apesar de fundamental, se se dá sem a inclusão pelo conhecimento, pela cidadania e com conscientização, tão logo você para de dar, as pessoas viram as costas para o governo ou não compreendem que aquilo que elas têm foi graças a políticas sociais”, refletiu.
Nesse aspecto, ele espera que um novo presidente progressista aprenda com o passado e passe a dialogar e incluir o povo no governo: “A gente quer um partido em que a gente caiba e acreditamos que o PT é esse partido.”