Buster Keaton, diretor, roteirista e considerado um dos três maiores atores cômicos do cinema mudo, morre em 1º de fevereiro de 1966 em Los Angeles, Califórnia, vítima de um câncer de pulmão.
Ficou conhecido como o ator “que jamais ria”, pelo rosto impassível em contraste com suas habilidades acrobáticas. Rivalizava na carreira com Charles Chaplin e os Irmãos Marx, e seu humor era caracterizado por elementos surrealistas.
Batismo de fogo
Nascido Joseph Frank Keaton, em 4 de outubro de 1895, na cidade de Pickway, Kansas, foi influenciado desde bebê pelos pais, comediantes do estilo “vaudeville”. Com eles, formou um grupo humorístico chamado Os Três Keatons. Em uma das apresentações, quando Keaton tinha apenas um ano de vida, caiu de uma escada e, surpreendentemente, saiu incólume do acidente. O grande mágico Harry Houdini que acompanhava como mágico a trupe e assistira à cena, apelidou-o de Buster (destruidor), nome com que passou à história.
A característica de Keaton, já maiorzinho, de manter a cara imutável em situações hostis provém dessa época. Esta particularidade encantava o público que corria para ver o grupo. O trio encerrou suas atividades devido a problemas de saúde do pai, decorrentes do alcoolismo. Em carreira solo, Buster decidiu tentar a sorte no mundo do cinema.
Em 1917, conheceu o comediante Roscoe “Fatty” Arbuckle, um dos atores mais famosos de seu tempo, que, envolvido em escândalo sexual, estava com a carreira em declínio. Ao lado dele e do produtor Joe Schenck, estreou em curtas-metragens, o primeiro deles The Butcher Boy (O garoto açougueiro).
O primeiro longa-metragem que protagonizou foi O Domador de Cavalos Selvagens (1921), uma fita dirigida por Herbert Blaché. No entanto, sua primeira grande película foi o curta One Week 1920), filme dirigido e escrito por ele mesmo em que dava vazão ao seu inventivo e absurdo sentido do burlesco e da palhaçada.
Nos anos 1920, deu sequência a excelentes produções de sua própria companhia, a Buster Keaton Productions, com títulos como O Cara Pálida (1921), Cops (1922), Nossa Hospitalidade (1923), Três Idades (1923), O Navegante (1924), Sherlock Júnior (1924), película que antecipou em décadas os efeitos de A Rosa Púrpura do Cairo, de Woody Allen, O Rei dos Cowboys (1925), uma das películas mais surreais de sua carreira, Sete Oportunidades (1925), A General (1927), seu título mais conhecido, O Cameraman (1928) e Capitão Bill Jr. (1928).
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Buster Keaton teve carreira prejudicada por interferência da indústria cultural e do álcool
O estrago da indústria
Os dois últimos filmes citados foram rodados com a companhia Metro Goldwyn Mayer. Se, a princípio, esse estúdio não prejudicou demasiadamente a liberdade do extraordinário artista, com a chegada do cinema falado e a crescente intromissão dos produtores, derrubou por completo a carreira de Keaton.
Apesar dos cuidados da atriz Natalie Talmadge, com quem se casou em 1921, Keaton começou, a exemplo de seu pai, a ter problemas com a bebida devido à impossibilidade de exercer a autonomia criativa em seus projetos. Sua relação sentimental com Natalie foi rompida com um divórcio em 1932.
Em 1933, se casou com a enfermeira Mae Scriven, porém esse matrimônio também fracassou, separando-se em 1936. Era triste ver um gênio do cinema envolver-se em produções medíocres, tentando sobreviver entre gente de menor talento.
Entre as que se podiam salvar está Speak Easily (1933), título dirigido por Edward Sedgwick que, não obstante, se encontrava a anos luz dos melhores momentos do mestre.
Perdido o favor do público, foi despedido da MGM por alcoolismo em meados dos anos 1930. A partir de então, Keaton passou por diferentes companhias, realizando curtas – inclusive regressou à MGM para escrever “gags”, sem acreditar muito neles.
Chegou até a trabalhar para os Irmãos Marx, aparecendo como ator secundário em várias películas, entre elas San Diego, I Love You (1944), de Reginald LeBorg.
Nos anos 1950, sua sorte profissional melhorou graças a aparições televisivas e teatrais.
Na telona, seu rival profissional, porém amigo pessoal, Charles Chaplin, o resgatou para com ele contracenar em Luzes da Ribalta (1952).
Algumas pontas em conhecidos filmes como O Crepúsculo dos Deuses (1950) ou A Volta ao Mundo em 80 Dias (1957), o filme biográfico The Buster Keaton Story (1957), em que Donald O'Connor encarnou Keaton, e a merecida homenagem e reconhecimento dos críticos em relação aos filmes realizados em seu glorioso período mudo, foram o prelúdio do Oscar honorífico que lhe outorgaram seus companheiros em 1959.
Chegada a década de 1960, Buster teve tempo de intervir em divertidas fitas como Pajama Party (1964), de Don Weiss, e Escravo das Arábias em Roma (1966), de Richard Lester, o último trabalho antes de sua morte.
Também nessa data:
1944 – Morre Piet Mondrian, pintor modernista holandês
1976 – Morre o físico alemão Werner Heisenberg
1979 – Aiatolá Khomeini volta ao Irã para liderar revolução
1999 – Código Morse é substituído por sistema via satélite