O governo e a oposição da Ucrânia concordaram nesta quarta-feira (19/02) em fazer uma “trégua” após a escalada de violência dos protestos, que já provocaram a morte de 26 pessoas desde terça (18). A decisão foi tomada após uma reunião entre o presidente Viktor Yanukovich e os principais líderes de oposição.
A decisão vem no mesmo dia em que Yanukovich havia anunciado medidas mais duras de repressão, com o lançamento de uma “operação antiterrorista”, e a troca do comando das Forças Armadas. Segundo a agência russa RT, o presidente do partido oposicionista Batkivshchyna, Arseniy Yatsen, afirmou que a trégua cancelou os planos do governo de retirada dos manifestantes das ruas de Kiev. De acordo com ele, as autoridades também estavam planejando a decretação de estado de emergência.
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Agência Efe
Forças de segurança lançarão operação “antiterror” após aumento da violência na Ucrânia já ter deixado 26 mortos desde ontem
O anúncio da trégua foi feito por meio de um comunicado no site oficial de Yanukovich. Nele, o presidente da Ucrânia afirma também que ficou acertado o início de negociações com vistas a cessar o “banho de sangue” e à “estabilização da situação do país pela paz civil”.
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Para Fabiano Mielniczuk, NÃO: Europeus forçaram opção unilateral
Para Daniel Edler, SIM: A má escolha de Yanukovich
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Agência Efe
Em meio a escalada de violência, Ucrânia troca comando das Forças Armadas, que podem ser convocadas a atuar pela 1ª vez na crise
Obama, Putin e União Europeia
O presidente dos EUA, Barack Obama, advertiu que “haverá consequências” se a violência continuar na Ucrânia. “Os militares ucranianos não deveriam se envolver em uma situação que pode ser resolvida pelos civis”, disse Obama a repórteres, durante visita oficial ao México.
O chefe de Estado russo, Vladimir Putin, também se manifestou sobre o assunto. De acordo com seu porta-voz, o presidente da Rússia vê os eventos de Kiev “como uma tentativa de dar um golpe”. “O presidente acredita que toda responsabilidade pelo que está acontecendo agora na Ucrânia é dos extremistas”, disse Dmitry Peskov, porta-voz de Putin. “Muitos países ocidentais (…) também são culpados. O Ocidente sólida, repetida e vergonhosamente evitou criticar as ações dos extremistas, incluindos os elementos neonazistas”, disse o chanceler russo, Sergei Lavrov.
Kiev's Independence Square. Before and after. http://t.co/YVm4nrIOsK pic.twitter.com/RFsASaAQqH
— Joseph Weisenthal (@TheStalwart) 19 fevereiro 2014
Também hoje, potências ocidentais ameaçaram impor sanções à Ucrânia caso não diminua a violência dos protestos no país. Uma delegação de três chanceleres europeus viajará amanhã para Kiev com o objetivo de acompanhar de perto a situação vivida no país.
Os ministros da Relações Exteriores de França (Laurent Fabius), Alemanha (Frank-Walter Steinmeier) e Polônia (Radoslaw Sikorski) deverão recolher informações e levá-las de volta a Bruxelas, onde uma reunião de emergência entre os chanceleres dos países-membros da UE decidirá que medidas o bloco vai adotar.