Após ter fracassado a tentativa de um cessar-fogo elaborado pelo Egito para o conflito na Faixa de Gaza, Israel emitiu nesta terça-feira (15/07) novo comunicado solicitando que 100 mil palestinos do norte de Gaza deixem suas casas. O Exército de Israel está usando mensagens telefônicas para avisar os vizinhos árabes que a ofensiva lançada há uma semana deverá se intensificar — ainda mais após a morte do primeiro cidadão israelense.
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Agência Efe
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A vítima, um homem de 37 anos de idade que atuava como voluntário levando suprimentos aos soldados israelenses, foi atingida por um morteiro lançado pelo braço armado do Hamas, grupo que controla a Faixa de Gaza, e não resistiu aos ferimentos. Sua mulher e filhos sobreviveram ao ataque. Desde que a operação Margem Protetora, ou “Penhasco Sólido”, foi lançada no dia 7 de julho, não havia baixas no lado israelense. Até o momento, já são 192 palestinos mortos e mais de 1.100 feridos, segundo o Ministério da Saúde em Gaza.
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Dos cerca de 900 foguetes lançados pelo Hamas, apenas uma parte alcançou as proximidades das áreas urbanas em Israel. Grande parte deles é interceptada pelo sistema de defesa antiaéreo israelense, o “Iron Dome”, programado para resguardar apenas as regiões próximas a cidades e cuja taxa de sucesso beira os 90%. Já na Faixa de Gaza, hospitais têm reportado uma ausência significativa de medicamentos e equipamentos de saúde, especialmente para tratar de traumas.
Acordo de cessar-fogo
Para justificar o fracasso da proposta de cessar-fogo apresentada pelo Egito, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, culpou hoje o Hamas pelo insucesso da trégua.
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“Estávamos preparados para resolver isto pela via diplomática, mas o Hamas não nos deixou opção. Quem causa danos em Israel também resulta ferido”, afirmou Netanyahu. Apesar das fortes declarações, o Conselho de Segurança israelense ainda iria reunir-se na noite de hoje para discutir a proposta egípcia. O encontro ocorreu sem o número 2 do Ministério da Defesa, demitido por criticar a “postura passiva” do premiê em relação a Gaza.
Horas antes, pela manhã, o premiê israelense havia comunicado que aceitaria a trégua apresentadatentativa de cessar-fogo desmoronou. “Quando não há cessar-fogo, nossa resposta vem com fogo. As frentes política, doméstica e operacional estão trabalhando juntas nisso”, disse Netanyahu.
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Agência Efe
Premiê Netanyahu retomou ofensiva: “Quando não há cessar-fogo, nossa resposta vem com fogo”
Agora à noite, o braço armado do movimento islamita Hamas, as Brigadas Ezzedine Al Qassam, já informou ter rejeitado por completo o cessar-fogo, assegurando que irá continuar com a “resistência”. Segundo os políticos do Hamas, os mediadores egípcios da proposta de cessar-fogo apresentada ignoraram por completo o papel do Hamas no enclave.
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“Os egípcios coordenaram essa iniciativa com Abbas e ignoraram Gaza”, disse um alto funcionário do Hamas ao jornal The Haaretz, fazendo referência a Mohammed Abbas, presidente da ANP (Autoridade Nacional Palestina), que controla o território palestino da Cisjordânia.
Escalada de violência
A escalada de violência israelense ocorreu após a morte de três adolescentes israelenses na Cisjordânia no final de junho. Como “vingança”, um jovem palestino foi queimado vivo e assassinado em Jerusalém.
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Shareef Sarhan/UNRWA
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Logo após a descoberta dos corpos dos três jovens, Israel iniciou uma ofensiva contra o Hamas. Aviões de guerra passaram a bombardear Gaza destruindo casas e instituições e foram realizadas execuções extrajudiciais. Até agora, quase 600 palestinos foram sequestrados e presos.
A tensão aumentou na região após anúncio, no começo de junho, do fim da cisão entre o Fatah e o Hamas, que controlam a Cisjordânia e a Faixa de Gaza, respectivamente. Israel considera o Hamas um grupo terrorista e por isso suspendeu as conversas de paz que vinham sendo desenvolvidas com os palestinos com a mediação do secretário de Estado norte-americano, John Kerry.