O secretário-geral da OEA (Organização dos Estados Americanos), Luis Almagro, ressaltou, nesta segunda-feira (25/08), que a entidade seguirá insistindo em ser observadora das eleições legislativas de 6 de dezembro na Venezuela, devido ao “nível de desconfiança existente entre governo e a oposição”. A declaração, no entanto, não foi bem recebida em Caracas.
Nesta terça-feira (25/08), o CNE (Conselho Nacional Eleitoral) do país, em comunicado, afirmou que a OEA pretende “substituir os poderes legítimos e autônomos venezuelanos”. Já o presidente Nicolás Maduro afirmou que o organismo deve “morrer em paz” e que Almagro é um “aprendiz de bruxo”.
Agência Efe
Na Colômbia, Almagro se reuniu com presidente Juan Manuel Santos e tratou da crise na fronteira do país com a Venezuela
“Seria importante para todos os venezuelanos que uma organização como a OEA garantisse de uma maneira fidedigna o resultado e que evitasse qualquer conflito posterior”, manifestou Almagro em uma entrevista à revista colombiana Semana.
A controvérsia se dá pelo fato de a Venezuela ter negado a participação da OEA como observadora do pleito de dezembro. A oposição pede, no entanto, que o organismo seja autorizado como “garantidor” de que haverá transparência na votação. Por outro lado, a Unasul (União das Nações Sul-Americanas) já afirmou que acompanhará o processo eleitoral.
Assim, o CNE considera que, com as declarações, Almagro se fez “herdeiro do desprestígio e desconfiança de velha data, que desperta essa organização nas nações livres e independentes do continente” e ressalta que a OEA deve se ajustar “ao respeito do princípio de independência e autodeterminação do povo da Venezuela, assim como às normas que ajustam sua atuação”.
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Crítico contumaz da organização, Maduro afirmou que a OEA foi criada para ser “um ministério de colônias” por favorecer os interesses do imperialismo dos Estados Unidos e lamentou que Almagro, ex-chanceler do Uruguai durante a gestão de José “Pepe” Mujica (2010-2015), esteja se “insulzando” tão rápido, em referência ao secretário-geral anterior, Miguel Insulza.
Agência Efe
Declarações de Maduro foram dadas durante entrevista coletiva de imprensa nesta segunda
Por fim, Maduro afirmou que Almagro deve “sepultar a OEA”, uma organização que “deve morrer em paz, que nem a direita, nem a esquerda a quer” e o chamou de aprendiz de bruxo. “O vejo como aprendiz de bruxo, tentando despertar um morto, o morto é a OEA, e o que sai é um fantasma purulento. A OEA é um morto que não pode ser despertado”, afirmou o mandatário.
Maduro e o CNE argumentam que o sistema eleitoral do país é o mais transparente e seguro do mundo, percepção que já foi apontada por diversos analistas internacionais, incluindo o Carter Center, do ex-presidente dos Estados Unidos Jimmy Carter, que coordena a instituição de monitoramento de eleições ao redor do mundo há mais de uma década.