O secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, afirmou nesta segunda-feira (22/04) que os Estados Unidos estão investigando o que classificam de “supostas” violações de direitos humanos por parte de Israel durante suas operações militares na Faixa de Gaza.
A declaração foi dada após a divulgação do relatório anual de direitos humanos, pela edição de 2023, conduzido pelo Departamento de Estado dos EUA, que revelou uma série de denúncias sobre crimes de humanidade cometidos por Tel Aviv desde 7 de outubro.
Questionado por jornalistas se Washington estaria “tentando varrer acusações para debaixo do tapete” por se tratar de uma nação aliada, segundo o jornal The Times of Israel, o chefe de diplomacia negou que o governo de Joe Biden faça uso de “dois pesos e duas medidas” ao julgar os abusos israelenses.
“Temos dois pesos e duas medidas com Israel? A resposta é não”, disse Blinken durante a coletiva de imprensa, acrescentando que os Estados Unidos aplicam “o mesmo padrão a todos, e isso não muda se o país em questão é um adversário, concorrente, amigo ou aliado”.
Durante a conferência, os repórteres também apontaram que o posicionamento de Washington entra em contradição, uma vez que a nação norte-americana teria respondido “com rapidez” e ajudado a Ucrânia na guerra contra a Rússia, enquanto o processo para julgar os crimes cometidos por Israel contra os palestinos é mais demorado.
“O caso da Ucrânia é totalmente diferente do de Gaza. Os ucranianos não são, de forma alguma, um alvo legítimo como o Hamas está em Gaza. [O Hamas também está] se incorporando entre civis, escondendo-se dentro e embaixo de prédios de apartamentos, mesquitas e hospitais”, respondeu Blinken.
Embora o relatório denuncie as ações israelenses e as fatalidades que, segundo o Ministério da Saúde de Gaza, hoje ultrapassam a marca dos 34 mil, o secretário elogiou Israel, ao afirmar que a nação “demonstrou capacidade de olhar para si mesmo” e que “isso separa as democracias dos outros países: a capacidade, a vontade, a determinação de olhar para si mesmas”.
Relatório e crimes contra humanidade
Um documento divulgado pelo Departamento de Estado dos EUA nesta segunda-feira concluiu que os ataques israelenses que resultaram na morte de dezenas de milhares de civis no enclave palestino tiveram “um impacto negativo significativo” na situação dos direitos humanos de Israel, e tais condutas causaram uma “grave crise humanitária” em Gaza.
De acordo com a edição de 2023 do chamado ‘Relatório do País sobre Práticas de Direitos Humanos’, que é divulgado anualmente, constam relatos de assassinatos arbitrários ou ilegais, desaparecimentos forçados, tortura e prisões injustificadas de jornalistas.
O informe também revela que grupos de direitos humanos denunciaram vários incidentes de danos civis durante a ofensiva de Israel em Gaza e levantaram alarme sobre o aumento da violência na Cisjordânia ocupada, onde registros do Ministério da Saúde local indicam que forças israelenses mataram pelo menos 460 palestinos, desde 7 de outubro.
Embora tenham sido apresentadas uma série de denúncias, o governo de Joe Biden afirma não ter encontrado nenhuma violação de direito internacional por parte de Israel, até o momento.