No programa 20 MINUTOS ENTREVISTAS desta segunda-feira (14/06), o jornalista Breno Altman entrevistou Vivaldo Barbosa, ex-dirigente do Partido Democrático Trabalhista (PDT), recém-filiado ao Partido dos Trabalhadores (PT), sobre trabalhismo, lideranças trabalhistas na atualidade e as eleições presidenciais de 2022.
Barbosa avaliou que a luta atual “não é só contra Bolsonaro e bolsonarismo, mas contra o imperialismo e o neoliberalismo”. Para tanto, ele defendeu uma aliança de esquerdas que apresente uma proposta conjunta nítida, sem “manchar o projeto com concessões à direita que, do ponto de vista eleitoral, ajudaria muito pouco”.
“Temos que ampliar nossas possibilidades eleitorais, mas com muito cuidado. Ainda mais agora, com o radicalismo de Bolsonaro. Temos que ser muito claros nas nossas propostas”, reforçou.
E, para o ex-dirigente do PDT, esse trabalho começa agora, pois é preciso preparar-se para as eleições com atitudes de campanha, por exemplo convocando a população às ruas, apesar da pandemia: “É difícil dizer o que deve e o que não deve ser feito neste momento, mas a oposição tem que ser muito firme, temos que fazer uma crítica muito firme. O que está sendo feito contra o Brasil é inaceitável e a grande saída são as eleições. Então temos que saber levar este momento com sabedoria. O fundamental é preparar o povo brasileiro para dar o grande troco”.
Nesse sentido, Barbosa reforçou a importância das lideranças políticas, como Lula, que têm força política para realizar alianças, “sem transgredir princípios”, liderar e mobilizar a população.
‘Lula é a nova etapa do trabalhismo’
Antes de filiar-se ao PT, Barbosa fez parte do PDT durante 40 anos, defendendo a bandeira do trabalhismo. Isto é, lutando pelos direitos da classe trabalhadora sob a organização de um Estado nacional forte o suficiente para enfrentar os interesses das grandes empresas – o que, segundo ele, é uma “luta muito atual porque nossas conquistas estão sendo destruídas”.
“O PDT seria o porta-voz do trabalhismo, mas, desde a morte de Leonel Brizola, o PDT não é mais trabalhista, nem brizolista. Todas as nossas crenças, que forjaram o trabalhismo, foram abraçadas por Lula e pelo PT, partido que hoje mais defende os trabalhadores, o Estado nacional e as empresas estatais que nos garantem soberania. Além disso, consideramos a questão da liderança como fundamental para realizar transformações. Como foram Getúlio Vargas e Brizola, e agora é Lula”, argumentou.
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Vivaldo Barbosa foi o entrevistado desta segunda (14/06) do 20 MINUTOS ENTREVISTAS
Ele explicou que as divergências que o PDT e os trabalhistas tinham com o PT vinham do fato de que a legenda estava “muito afetada por sua visão sindical, enquanto nós tínhamos uma visão mais ampla da necessidade dos trabalhadores”.
Essas discrepâncias, entretanto, foram superadas na opinião do político. Ele reconheceu que o PT consolidou a luta dos trabalhadores, “com ideais trabalhistas que buscam levar o capitalismo para escanteio”, sendo a legenda de esquerda a possuir o maior nível de organização e distribuição no território nacional.
Para ele, assim como Brizola representou uma nova etapa para o trabalhismo no século XX, no século XIX, “Lula é a nova etapa do trabalhismo”.
Críticas a Lula e Dilma
Mas fazer parte do PT agora não significa que Barbosa não tenha críticas à legenda e aos governos de Lula e Dilma, concretamente.
“O presidente de uma nação está investido de prerrogativas para dar um banho nas instituições do Estado. O governo Lula parece que não compreendeu esse aspecto. Permitiu que as Forças Armadas se encastelassem em uma corporação, arrancando parte do orçamento nacional”, avaliou.
Ele também apontou para falhos no diálogo com o sistema judiciário: “Quando o povo elege um governo, ele dá a missão de levar a voz do governo para todas as áreas, inclusive o judiciário. Claro, os juízes devem ter independência e isenção para decidir, mas a organização do serviço público do judiciário deve obedecer às necessidades do povo”.
Barbosa reforçou que nem Lula, nem Dilma desempenharam as funções que deveriam, fortalecendo as instituições e colocando-as a serviço do povo, também como forma de defender seus governos e poder cumprir com o prometido à população.
Ao falhar em fazê-lo, “é evidente que ia resultar em golpismo e na eleição de alguém como Bolsonaro”. O político também relembrou a importância de realizar trabalho de base e mobilizar o povo para resistir aos ataques do conservadorismo, citando como exemplo a Campanha da Legalidade, liderada por Brizola em 1961.
“A elite é inerentemente golpista, temos a obrigação de resistir”, reforçou.