Combinando questões gerais e outras bastante pessoais, Opera Mundi traz o especial A Pandemia no Mundo. O objetivo é verificar o impacto da covid-19 em diferentes países. Trata-se de uma enquete: as mesmas 27 perguntas são repetidas para moradores deles, de modo que as respostas possam ser acompanhadas e comparadas.

Quando a pandemia começou, dizia-se muito que o coronavírus era “democrático”, atacando igualmente pobres e ricos, brancos, asiáticos e negros, homens e mulheres.

O que a realidade mostrou é que os pobres são mais vítimas da covid-19, como a condução das políticas de saúde por governos de todo o mundo resultou em radicais diferenças no número de contaminados e de mortos.

Quem responde as perguntas hoje é o estudante Higor Codarin, de Paris.

1. Descreva o grau máximo de isolamento social praticado onde você está. 

Fiquei em quarentena de 17 de março a 11 de maio. O grau de isolamento social foi total. Saindo apenas para fazer compras.

2. Quando começou sua quarentena? 

17 de março.

3. Quem está com você? 

Duas pessoas que dividem a casa comigo. Uma mulher de 60 anos e um homem de 37.

4. É fácil conviver assim? 

Não. O distanciamento social me mostrou, ainda com mais força, que o ser humano é, essencialmente, um ser social.

5. Quando você sai de casa? 

Somente para fazer compras, uma vez por semana.

Leia as outras entrevistas da série A Pandemia no Mundo

6. Teve ou conhece alguém no país em que está que teve covid-19? 

Não.

7. Como viu a ação do governo do país em que está em relação ao coronavírus? 

Ação tardia. No início tivemos ruptura nos estoques de máscaras e álcool em gel. Contudo, o suporte financeiro dado aos cidadãos com relação ao desemprego, e às empresas, grandes e pequenas, foi muito satisfatório.

8. Ela mudou muito com o tempo? 

Após as duas primeiras semanas, o Estado francês começou a reparar as falhas. Elas não podem e nem devem ser minimizadas mas a condução, a despeito disso, foi muito boa.

9. Você está neste país por que motivo? 

Doutorado sanduíche.

10. Acompanhou a situação brasileira? 

Todos os dias.

11. A embaixada brasileira se comunicou com você ou com pessoas que você conheça? 

Não.

12. O governo brasileiro ofereceu algum tipo de ajuda? 

Não.

13. Como você acompanha as notícias do Brasil? 

Todos os tipos. Imprensa tradicional e redes sociais.

14. Gostaria de voltar ao Brasil? Por quê? 

No momento, não. Tenho ainda trabalhos a desenvolver na França.

15. Sua vida profissional mudou durante a pandemia? Como? 

Sim. No início, foi uma ótima oportunidade de aumentar a produtividade. Contudo, no segundo mês de confinamento, a produtividade caiu significativamente ao mesmo tempo que as notícias do sistema de saúde francês estavam a beira do colapso. Acompanhar um número grande de mortes todos os dias sem perspectiva de melhora me colocaram diante de uma crise de ansiedade.

16. Sua vida afetiva (inclusive sexual, se quiser tratar disso) mudou durante a pandemia? Como? 

Um pouco. Fiquei um pouco mais introspectivo e falava menos com as pessoas do meu entorno e, também, do Brasil.

17. Você engordou, emagreceu ou manteve o peso? 

Mantive o peso.

18. Você bebe mais ou menos durante a pandemia? 

Bebi mais.

19. O que tem feito para ocupar o tempo durante a quarentena? 

Assistido filmes, lido e tocado violão.

20. Desenvolveu, voltou a praticar ou abandonou algum hobby durante a pandemia? 

Não.

21. Desenvolveu, voltou a praticar ou abandonou algum vício durante a pandemia? 

Não.

22. Tem realizado atividades para cuidar da saúde mental durante a pandemia? 

Sim. Meditação.

23. A pandemia fez com que você mudasse seu posicionamento político? 

Não.

24. Se pudesse dar um conselho a você mesmo antes de entrar em quarentena, qual seria? 

Um dia depois do outro. Sem pressa.

25. Você tem lido mais ou menos notícias durante a pandemia? Como é sua relação com o noticiário? 

No início lia bastante. Tudo relacionado ao vírus e à situação global. No pior período do confinamento deixei de acompanhar a todo momento. Lia ao acordar e antes de dormir.

26. Como está a questão do abastecimento de insumos no país em que você está? 

No início tivemos significativa dificuldade com produtos frescos no mercado. No entanto, após o período inicial de corrida aos mercados, a situação voltou ao normal.

27. Como está o relacionamento com sua família? Melhorou? Piorou?

Melhorou. Acredito que a pandemia teve um papel significativo no estreitamento de laços.