A primeira espaçonave dos EUA a tentar pousar na Lua em meio século começou a enfrentar falhas técnicas algumas horas após a decolagem.
O foguete Vulcan, construído pela Boeing e pela United Launch Alliance (ULA), da Lockheed Martin, decolou de Cabo Canaveral, na Flórida, na segunda-feira (08/01).
A bordo do foguete está o módulo de pouso lunar criado pela empresa Astrobotic Technology, o Peregrine. A companhia de robótica espacial sediada em Pittsburgh pretendia ser a primeira empresa privada a pousar uma nave na Lua.
Entretanto, relatos de uma “perda crítica” de combustível sugeriram que a missão estava fadada ao fracasso.
Qual foi o problema?
Algumas horas após a decolagem, a Astrobotic começou a relatar problemas técnicos. Primeiro, informou que não conseguiu orientar o painel solar montado na parte superior do módulo de pouso em direção ao Sol, essencial para manter a carga da bateria a bordo. A empresa informou que isso se devia a um problema em um sistema de propulsão.
Os engenheiros disseram que “improvisaram” uma maneira de inclinar o Peregrine na direção correta, conseguindo manter sua energia. No entanto, a empresa anunciou que a mesma falha no sistema de propulsão parecia ser a causa de uma “perda crítica de propelente”.
“Estamos atualmente avaliando quais perfis alternativos de missão podem ser viáveis neste momento”, disse a Astrobotic. A declaração foi interpretada como uma admissão de que o Peregrine não conseguiria fazer um pouso controlado na Lua, conforme planejado.
Imagens de uma câmera a bordo mostraram danos extensos a uma camada externa do módulo. Um problema no sistema de propulsão “ameaça a capacidade da espaçonave de aterrissar suavemente na Lua”, disse a empresa.
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— Astrobotic (@astrobotic) January 8, 2024
O módulo de pouso é equipado com motores e propulsores para manobras, não apenas durante a viagem até a Lua, mas também para a descida lunar.
Twitter/Space.com
A primeira espaçonave dos EUA a tentar pousar na Lua em meio século começou a enfrentar falhas técnicas horas após a decolagem
O que pode acontecer em seguida?
A Astrobotic disse na noite de segunda-feira que a nave tinha aproximadamente 40 horas de combustível restante antes de entrar em uma “queda incontrolável”.
“Neste momento, o objetivo é levar o Peregrine o mais próximo possível da distância lunar antes que ele perca a capacidade de manter sua posição de apontar para o Sol e, consequentemente, perca energia”, disse a empresa.
Observadores especularam se a nave poderia tentar uma descida controlada ou um pouso forçado na superfície lunar.
A Nasa também abordou os desafios enfrentados pela missão lunar. “Cada missão é uma oportunidade para aprender. Temos orgulho de trabalhar com nossos parceiros para avançar na exploração da Lua”, disse a agência espacial nacional dos EUA.
After a successful launch this morning, Astrobotic is assessing a propulsion issue with its lunar lander. Check @Astrobotic for updates.
Each mission is an opportunity to learn. We're proud to work with our partners to advance exploration of the Moon. https://t.co/NARUSW6RiA
— NASA (@NASA) January 8, 2024
O voo estava programado para aterrissar em 23 de fevereiro. A missão prevista do módulo de pouso lunar Peregrine tinha o objetivo de coletar dados sobre a superfície lunar antes das futuras missões humanas planejadas pela Nasa.
O Peregrine seria o primeiro pouso suave dos EUA na Lua desde o último pouso do programa Apollo, em 1972.
Os países que conseguiram realizar pousos suaves na Lua com sucesso foram a União Soviética, em 1966, seguida dos Estados Unidos – o único país a colocar astronautas na superfície lunar. A China realizou três pousos na última década. O último país a conseguir completar um pouso sucesso foi a Índia, no ano passado.