Luis Arce, candidato a presidente pelo MAS (Movimento ao Socialismo) na Bolívia, divulgou um vídeo nas redes sociais contendo cinco propostas econômicas para o governo interino como forma de enfrentar as consequências do coronavírus entre os trabalhadores.
A primeira delas é a criação de uma cesta solidária de alimentos para ser entregue pelas Forças Armadas às famílias que não têm renda fixa e que vivem do que ganham diariamente. Só assim estaria assegurado o seu direito à alimentação, de acordo com Arce.
A outra proposta é de garantia do emprego. Proibir a dispensa de trabalhadores tanto do setor privado como público. Assim como resguardar e manter o salário das empregadas domésticas, que devem ficar em suas casas durante a quarentena, mas sem deixar de receber os salários.
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A terceira proposta, ainda para quem não tem salário fixo e sobrevive do ganho diário, é que o governo interino pague o aluguel dessas pessoas, para que elas possam se manter em seus lares com tranquilidade.
Sugeriu, também, a criação de Brigadas de Solidariedade para levar aos grupos vulneráveis alimentação, medicamentos, exames médicos, bem como o pagamento de renda e da aposentadoria em suas residências.
Já para as pessoas em situação de rua, Arce propõe uma ação conjunta com os governos municipais para habilitar albergues com alimentação e médicos.
“Precisamos compreender as distintas realidades econômicas, sociais e culturais do país para enfrentar unidos e em paz essa pandemia”. É fundamental o “diálogo e atenção antes de repressão”, disse Arce em vídeo no Twitter.
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Arce propôs plano com cinco medidas para enfrentar efeitos econômicos do coronavírus
O governo interino, por meio do ministro de Governo, declarou no dia 24 que estuda pedir estado de sítio em algumas localidades do país. O motivo é que muitos bolivianos repatriados do Chile, por exemplo, estão sendo colocados em quarentena em espaços públicos, mas os moradores próximos não querem aceitar, temendo por um possível contágio.
Outra situação é que muitos bolivianos trabalham nas ruas em atividades informais, e em feiras livres, desobedecendo a ordem de interromper a atividades após as 13h. À noite, quando a restrição é ainda maior, das 18h às 5h, houve prisões desde o primeiro dia da quarentena, decretada em 22 de março.
Até o momento, mais de mil pessoas foram detidas, tendo que pagar 500 bolivianos de multa (cerca de 400 reais) e, ainda, submetidas a processo penal.
Já há descontentamento por parte dos trabalhadores do serviço médico, que reivindicam transporte para que possam se descolar de suas casas para os hospitais ou centros de saúde onde trabalham. O governo interino informou que colocaria ônibus à disposição desses trabalhadores. Mas médicos e atendentes alegam que esse transporte é insuficiente.
Medidas mais duras
No dia 24, o ministro de Obras Públicas do governo interino, Iván Arias, declarou que, na próxima reunião do Gabinete Ministerial, serão analisadas medidas ainda mais duras no combate ao cvid-19.
Entre essas medidas em estudo, estariam a possibilidade de decretar estado de sítio e reduzir ainda mais o tempo das pessoas nas ruas. Hoje é permitido apenas uma pessoa por família, que pode sair das 8h às 12h, para compra de alimentos e remédios.
Do dia 23 de março para o dia 25, o número de casos confirmados de coronavírus em quatro departamentos (no total são nove departamentos) do país aumentou de 28 para 32 casos. São 18 em Santa Cruz, que faz fronteira com o Mato Grosso, oito em Oruro, três em Cochabamba e três em La Paz. O número de casos suspeitos segue sendo de 17, e 245 foram descartados.
En este momento nuestro enemigo común es el #coronavirus, pero también el hambre y la inseguridad en los ingresos de muchas familias. Necesitamos comprender las distintas realidades económicas, sociales y culturales para enfrentar unidos y en paz esta pandemia. #PrimeroLaVida pic.twitter.com/aAkKphePfs
— Lucho Arce (@LuchoXBolivia) March 25, 2020