Cientistas da Universidade de Hong Kong anunciaram nesta segunda-feira (24/08) que registraram o primeiro caso de reinfecção pelo novo coronavírus.
O paciente, um homem de 33 anos, teria testado positivo para a covid-19 pela segunda vez depois de quase cinco meses após o primeiro contágio. A doença foi detectada por meio de exames realizados no aeroporto de Hong Kong, em 15 de agosto, quando ele voltou de uma viagem à Espanha.
“Um paciente aparentemente saudável e jovem teve um segundo caso de infecção pela covid-19 diagnosticado quatro meses e meio depois do primeiro episódio”, informaram os pesquisadores, em comunicado. Os resultados das análises serão publicados na revista Clinical Infectious Diseases, da editora da Universidade de Oxford, no Reino Unido.
De acordo com a nota, o homem apresentou apenas sintomas leves, como tosse, febre e dor de garganta, ao ser contaminado pela primeira vez, em 26 de março. Já na segunda, ele está assintomático.
“Este caso mostra que a reinfecção pode ocorrer alguns meses após a cura da primeira contaminação. Nossos resultados sugerem que o Sars-CoV-2 pode persistir na população como outros coronavírus humanos, como o da gripe, mesmo que os pacientes adquiram imunidade por meio de infecção natural ou vacinação”, acrescenta o texto.
Os cientistas analisaram o código genético do vírus e descobriram que o trabalhador do setor de tecnologia da informação contraiu duas cepas diferentes do Sars-CoV-2. O estudo revelou que, ao fazer a comparação, foram encontrados diferenças de genoma, que se traduziriam em nove proteínas mutantes.
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De acordo com o levantamento da Universidade Johns Hopkins, Hong Kong registra 4.691 e 77 mortes
“Pacientes que já tiveram a covid-19 também devem adotar medidas de contenção da infecção, como uso de máscaras e distanciamento social”, finalizaram os pesquisadores.
Brasil
Casos de possíveis reinfecções também estão sendo estudados no Brasil. Pesquisadores da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da USP e do Hospital das Clínicas investigam pessoas que apresentaram sintomas da covid-19 no começo do ano, testaram positivo e foram diagnosticadas novamente com a doença.
A professora Anna Sara Shafferman Levin, da FMUSP, explicou ao Jornal da USP que são necessários estudos detalhados para se ter certeza de que esses casos são uma reinfecção. A médica afirmou que será preciso estudar o material genético dos pacientes e descobrir se há presença de outros agentes infecciosos
“Essas investigações não são feitas de uma hora para outra. É fácil fazer testes para outros agentes, para outros vírus, são testes relativamente fáceis. Agora, recuperar a amostra do passado, se é que ela existe, e fazer sequenciamento genômico para ver se os vírus são iguais são técnicas mais demoradas, coisas mais complicadas”, afirmou ao jornal.
(*) Com Ansa.