Um estudo mundial publicado pela revista científica The Lancet na noite desta terça-feira (20/07) aponta que mais de um milhão de crianças ficaram órfãs de pai ou de mãe em decorrência do novo coronavírus. Quando são consideradas as perdas de tios e avós, o número sobe para 1,5 milhão.
A pesquisa coletou dados entre 1º de março de 2020 até 30 de abril de 2021 em 21 países. Esse grupo de nações corresponde a 77% das mortes contabilizadas por covid-19.
Uma das autoras do estudo, Susan Hillis, que trabalha no Centro de Controle de Doenças e Prevenção dos Estados Unidos (CDC), destacou que “para cada duas mortes por covid-19 no mundo, há uma criança que viu morrer ao menos um genitor ou uma pessoa de referência importante”.
O país mais afetado foi o Peru, onde 10 crianças em cada mil perderam ao menos uma pessoa de referência primária (pai, mãe, tio, tia, avó, avô), totalizando 98.975 menores de idade.
Altemar Alcantara.Semcom/ Fotos Públicas
Estudo ainda pede a ‘adoção de medidas urgentes’ em todo o mundo para responder ‘ao impacto das perdas’
Na sequência, aparecem África do Sul (cinco crianças a cada mil, totalizando 94.625) e México (três a cada mil, em um total de 141.132). O Brasil figura na quarta colocação, com duas crianças a cada mil e um total de 130.363 menores.
Sobre o país, o estudo mostrou que 25.608 crianças perderam a mãe, 87.529 o pai, 13 ficaram órfãs de ambos, totalizando 113.150. Outras 8.567 perderam a avó e 8.577 o avô e 69 perderam ambos.
O estudo, que usou uma metodologia bastante complexa para fazer o cálculo, alerta que as “crianças que perderam um parente ou um cuidador estão mais propícias a sofrer efeitos adversos de curto e de longo prazo sobre sua saúde, segurança e bem-estar, como um aumento do risco de sofrerem de doenças, abusos físicos, violência sexual e gestação na adolescência”.
A matéria ainda pede a “adoção de medidas urgentes” em todo o mundo para responder o mais rápido possível “ao impacto das perdas”.