Quarta-feira, 11 de junho de 2025
APOIE
Menu

Manaus apresentou na semana passada uma crise decorrente da falta de oxigênio para atender os doentes de covid-19 nos hospitais. Uma força-tarefa chegou a ser mobilizada para transferir pacientes para outros Estados da União. 

A professora Deisy Ventura, coordenadora do doutorado em Saúde Global e Sustentabilidade da Faculdade de Saúde Pública (FSP) da USP e editora do Boletim Direitos na Pandemia, comentou o assunto em entrevista ao Jornal da USP no Ar Primeira Edição na última semana (clique aqui para ouvir a entrevista no site da universidade). A especialista diz que “o governo federal é o coordenador do sistema de saúde”.

A situação vivida por Manaus, comenta Deisy, “mostra o que estamos vivendo há muito tempo: que o coronavírus vai sobrecarregar o sistema de saúde do nosso país. Todas as pessoas que morreram por falta de oxigênio poderiam ter sobrevivido caso o sistema estivesse em plenas condições”. 

Receba em primeira mão as notícias e análises de Opera Mundi no seu WhatsApp!
Inscreva-se

Colapso em todo o sistema

Mais uma vez, a cidade amazonense se torna um caso paradigmático. Após sofrer um colapso no sistema de saúde no início da pandemia, volta a ser um exemplo das disfunções que podem acontecer em meio a uma pandemia. No primeiro momento, Manaus serviu de alerta para os demais governadores e prefeitos brasileiros. 

Coordenadora do doutorado em Saúde Global e Sustentabilidade da Faculdade de Saúde Pública da USP disse que crise fez com que governadores abandonassem discurso negacionista do governo federal

“Fez com que alguns governadores abandonassem o discurso negacionista do governo federal [em relação à propagação do coronavírus], porque viram a gravidade do que estava acontecendo. Houve uma sobrecarga inclusive do sistema funerário, o que assustou os gestores, relembra a especialista.

Mas a responsabilidade do episódio não fica somente por conta dos entes federativos, como aponta Deisy em sua conclusão: “Imaginou-se que aquilo não aconteceria mais lá [em Manaus]. Pois aconteceu. E também há uma responsabilidade da sociedade. O governador do Amazonas, no dia 23 de dezembro, por meio de um decreto, suspendeu as atividades não essenciais. E houve um movimento liderado por empresários bolsonaristas de contrapor a decisão do governador, que acabou voltando atrás na decisão”, disse.