O Grupo de Puebla, organização formada por 30 líderes progressistas de 12 países da América Latina, pediu que os Estados Unidos e a União Europeia libere os ativos da Venezuela que estão sob sanções para que o país latino-americano possa adquirir a vacina contra o novo coronavírus.
Em manifesto publicado nesta terça-feira (29/12), o grupo afirmou que “jamais se poderá explicar aos venezuelanos e venezuelanas qualquer atitude que não contribua a seu direito à vida, que depende da vacina frente à covid-19”.
“Chamamos, reclamamos e exigimos ao governo dos EUA, à UE e aos governo europeus que retêm ativos de bilhões de dólares do povo da Venezuela que liberem, na quantia necessária, os recursos necessários para financiar a vacina de todos os venezuelanos e venezuelanas”, afirma.
O texto é assinado por personalidades como o ex-presidente Luis Inácio Lula da Silva, a ex-presidente Dilma Rousseff e o ex-mandatário do Equador Rafael Correa.
Cancillería Venezuela
‘Jamais se poderá explicar aos venezuelanos e venezuelanas qualquer atitude que não contribua a seu direito à vida’, disse o grupo
Leia o manifesto na íntegra:
O mundo está se jogando na luta contra os muitos desafios da pandemia. Para os que assinam este documento, o mais importante é o direito de acesso universal à vacina contra a covid-19. É uma questão de dignidade, de direitos humanos, de justiça.
A história nos julgará neste momento. Não favorecer por todos os meios possíveis que a vacina chegue o quanto antes a todos os cidadãos do mundo e em particular a todos os venezuelanos, dadas as circunstâncias especiais que o país atravessa, é algo mais do que inadmissível, é cruel e desumano. Não há desculpa nem justificativa nem opinião ou situação política que explique uma recusa ou atraso.
Jamais se poderá explicar aos venezuelanos qualquer atitude que não contribua para seu direito à vida, que é a vacina contra a covid-19.
Diante do direito essencial à saúde, não há política, ideologia ou estratégia que possa se sobrepor a um ato de justiça vital.
Clamamos, cobramos e exigimos do governo dos EUA, da UE e dos governos europeus, que retêm ativos de bilhões de dólares do povo venezuelano, que liberem, na quantia necessária, os recursos para financiar a vacina para todos os venezuelanos, independentemente de onde residam e que condição legal tenham, o que seria coordenado e supervisionado pela Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS). A decisão de não vacinar os migrantes irregulares venezuelanos na Colômbia é um ataque cruel aos princípios humanitários básicos e aos direitos humanos.
Este manifesto, este apelo moral, está aberto ao apoio de todos os cidadãos da Venezuela, da América Latina e de qualquer outra região do planeta. Nossas convicções fazem com que nossa determinação de evitar que a política internacional e as relações entre povos e países caiam do penhasco da insensibilidade, do desprezo ou do ódio, seja absoluta.
Chegaremos a todos os governos interessados, para cumprir esta demanda justa e humanitária.
Reiteramos o apelo à Organização Mundial de Saúde para que nenhuma pessoa fique de fora do acesso à vacina por motivos financeiros.
Pedimos seu apoio. Assine, em nome da ética e da solidariedade, este justo manifesto.
FIRMANTES (signatários):
1. Dilma Rousseff, ex-presidenta da República. Brasil.
2. Rafael Correa, ex-presidente da República. Equador.
3. Lula da Silva, ex-presidente da República. Brasil.
4. Ernesto Samper, ex-presidente da República. Colômbia.
5. José Luis Rodríguez Zapatero, ex-presidente de Governo da Espanha.
6. Fernando Lugo, ex-presidente da República. Paraguai.
7. Andrés Arauz, candidato presidencial. Equador
8. Mónica Xavier, ex-senadora. Uruguai
9. Esperanza Martínez, Senadora. Paraguai
10. Gabriela Rivadeneira, Deputado, Equador.
11. Carlos Sotelo, ex-senador, México.
12. Iván Cepeda, Senador. Colômbia
13. Jorge Taiana, Senador y ex-chanceler. Argentina
14. Daniel Martínez, ex-candidato presidencial. Uruguai
15. Karol Cariola, Deputada. Chile.
16. Clara López, ex-ministra. Colômbia
17. Celso Amorim, ex-chanceler. Brasil
18. Carol Proner, Advogada. Brasil.
19. Guillaume Long, ex-chanceler. Equador.
20. Cuauhtémoc Cardenas, ex-candidato presidencial. México
21. Carlos Ominami, ex-senador e ex-ministro. Chile.
22. Ana Isabel Prera, ex-embaixadora. Guatemala.
23. Ricardo Patiño, ex-chanceler e ex-ministro. Equador.
24. Fernando Haddad, ex-ministro e ex-candidato presidencial. Brasil.
25. Alejandro Navarro, Senador. Chile.
26. Beatriz Paredes, Senadora. México.
27. Maximiliano Reyes, Subsecretario para América Latina e Caribe. México.
28. Aida García Naranjo, ex-embaixadora. Peru.
29. Marco Enríquez-Ominami, ex-candidato presidencial. Chile.
30. Camilo Lagos, Presidente Partido Progresista. Chile.