Sábado, 8 de novembro de 2025
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À medida que avariante ômicron se espalha, os Estados Unidos registraram o maior número de internações de crianças com covid-19 desde o início da pandemia.

A média de sete dias de hospitalizações na faixa etária dos 0 aos 17 anos foi de 378 na semana encerrada em 28 de dezembro, um aumento de 66,1% em relação à semana anterior. Trata-se do recorde desde o começo da pandemia, superando o pico anterior, durante a variante delta, em setembro. A única outra faixa etária que teve pico nas hospitalizações foi a dos 18 aos 29 anos.

De acordo com a Academia Americana de Pediatria, quase 199.000 crianças contraíram covid-19 na semana encerrada em 23 de dezembro, 50% a mais que no começo do mês.

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No entanto, as taxas de doenças graves permanecem mais baixas em termos absolutos, em comparação com grupos de idade mais avançada. Entre os mais de 820 mil mortos por covid-19 desde o começo da pandemia nos EUA, 803 eram pacientes de 0 a 18 anos.

Maior disseminação

Pesquisa feita em Hong Kong, com base em testes de laboratório de amostras de tecido, mostraram que a ômicron se replica até 70 vezes mais rápido nos brônquios, as vias aéreas que levam aos pulmões, em comparação com a variante delta, o que pode ajudar a explicar sua extrema disseminação.

“Com base no que sabemos hoje, a ômicron não está causando infecções mais graves, mas infectando muito mais crianças. E, portanto, estamos vendo mais crianças hospitalizadas com covid-19”, disse à AFP Jim Versalovic, patologista e imunologista do Hospital da Criança do Texas, o maior hospital infantil dos EUA.

Média de hospitalizações de jovens de 0 a 17 anos foi de 378 na última semana; faixa etária é a menos vacinada até agora

Mike Blake/REUTERS

Taxa de vacinação é mais baixa entre crianças de 5 a 11 anos, apenas 15% do grupo

Sua relativa suavidade pode ser explicada pelo mesmo estudo de Hong Kong, que mostrou que a ômicron se replica 10 vezes mais lentamente nos pulmões do que a delta.

“Mas mesmo que você tenha uma pequena porcentagem de crianças com doenças graves, uma pequena porcentagem de um grande número é um grande número”, disse à AFP Henry Bernstein, pediatra do sistema hospitalar Northwell Health, em Nova York.

Menor vacinação em crianças

Quanto ao motivo pelo qual a taxa de casos e, portanto, de hospitalizações estão aumentando mais rapidamente em grupos de idades mais jovens em comparação com os mais velhos, há vários fatores em potencial.

Um deles é que a taxa de vacinação é mais baixa entre crianças de 5 a 11 anos, que foram o último grupo a se tornar elegível para a imunização, em novembro. De acordo com dados do Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos EUA, apenas 15% desse grupo está totalmente vacinado, em comparação com 84% das pessoas com 12 anos ou mais.

Versalovic destaca que, em seu hospital, os adolescentes hospitalizados são “quase exclusivamente não vacinados”.

A questão da vacinação de crianças pequenas foi reforçada por um novo relatório do CDC divulgado na quinta-feira, que descobriu que efeitos colaterais sérios são extremamente raros em crianças de 5 a 11 anos.

O conselheiro médico-chefe do presidente Joe Biden, Anthony Fauci, chama a atenção para outro dado importante. Esta semana, ele disse a repórteres que “muitas crianças são hospitalizadas com covid-19, e não por causa da covid-19”. Em outras palavras, isso significa que, como os hospitais fazem rotineiramente testes de coronavírus nos pacientes admitidos, acabam descobrindo infecções coincidentes. Ou seja, o motivo que levou a criança ao hospital não foi o coronavírus, mas acabou se descobrindo uma infecção por ele.