O presidente Jair Bolsonaro admitiu, em entrevista nesta sexta (15/01) à TV Bandeirantes, que o voo com destino à Índia para buscar as doses da vacina de Oxford/AstraZeneca fabricadas pelo Serum Institute vai atrasar, confirmando que a pressão feita pelo Itamaraty para que Nova Délhi enviasse os imunizantes não surtiu efeito.
“Foi tudo acertado para disponibilizar 2 milhões de doses. Só que hoje, neste exato momento, está começando a vacinação na Índia. É um país com 1,3 bilhão de habitantes. Então, resolveu-se, não foi decisão nossa, atrasar um ou dois dias, até que o povo comece a ser vacinado lá. Lá também tem as pressões políticas de um lado e de outro. Isso daí, no meu entender, daqui a dois, três dias no máximo, nosso avião vai partir e vai trazer esses 2 milhões de vacinas para cá”, disse o presidente.
A aeronave da Azul saiu ontem de Campinas (SP) – com atraso, para poder receber um adesivo do governo federal – com destino a Recife, onde faria uma escala antes de seguir para Mumbai, na Índia, sem saber se conseguiria efetivamente pegar as doses. Porém, a decolagem, prevista ainda para quinta (14/01), foi adiada para sexta (15/01). Agora, segundo as declarações de Bolsonaro, deve acontecer somente durante a semana.
Com isso, o “calendário” previsto pelo governo – de começar a vacinação nos dias 19 ou 20 de janeiro – fica praticamente inviabilizado.
Isac Nóbrega/PR
Bolsonaro atribuiu a ‘pressões políticas’ na Índia fracasso de operação para buscar vacina
Enquanto isso, temendo o impacto político, o Ministério da Saúde mandou um ofício ao Instituto Butantan solicitando a entrega imediata de todas as 6 milhões de doses da CoronaVac, desenvolvida pelo órgão paulista junto com a fabricante chinesa Sinovac. O governo paulista, segundo o UOL, disse que irá recorrer ao STF.
Ambas as vacinas ainda estão sob análise da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), que prometeu dar um parecer sobre a aprovação dos imunizantes até este domingo (17/01).
Doses da Índia
Na noite de quinta, o chanceler Ernesto Araújo ligou para seu homólogo indiano, Subrahmanyam Jaishankar, pedindo a liberação das doses. O Itamaraty disse que Nova Délhi teria recebido o pedido com boa vontade, mas se recusado a informar uma data.
De acordo com o porta-voz do Ministério de Relações Exteriores da Índia, Anurag Srivastava, as exportações das doses da vacina só devem acontecer após o país vacinar sua população, o que deve começar neste sábado (16/01)
“O processo de vacinação está apenas começando na Índia. É muito cedo para dar uma resposta específica sobre o fornecimento para outros países”, disse Srivastava.