A cobertura vacinal contra a covid-19 – já fraca em relação ao resto do mundo – estagnou na África nos últimos meses. A informação foi divulgada nesta quinta-feira (20/10) pelo escritório regional da Organização Mundial da Saúde (OMS), alertando que a doença pode voltar a se espalhar pelo continente.
Segundo a OMS-África, atualmente, apenas 24% da população africana foi completamente vacinada, contra 64% no resto do mundo. Três países – Ilhas Maurício, Ilhas Seychelles e Libéria – dos 54 que compõem o continente, atingiram o objetivo da vacinar 70% de sua população. Ruanda também pode chegar a esse patamar nos próximos dias.
Na metade dos países africanos, no entanto, a cobertura vacinal estagnou nos últimos dois meses. “O número de doses administradas a cada mês baixou em mais de 50% entre julho e setembro”, afirma o boletim semanal da OMS-África.
Em setembro, 23 milhões de doses de vacinas foram utilizadas, 18% a menos do que em agosto e 51% a menos que em julho, quando 47 milhões de doses tinham sido administradas. O documento ressalta que a quantidade de injeções inoculadas no mês passado representa um terço do pico de 63 milhões de doses administradas em fevereiro de 2022.
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Na metade dos países africanos, cobertura vacinal estagnou nos últimos dois meses
Por outro lado, a OMS ressalta que há sinais de melhora nessas primeiras semanas de outubro, com 22 milhões de injeções aplicadas até o último dia 16. O número equivale a 95% da quantidade de doses administradas em todo o mês de setembro.
Vírus pode explorar “falha”
Para a diretora regional da OMS, Matshidiso Moeti, é fundamental que a população dos países africanos seja imunizada contra a covid-19. “O fim da pandemia está a nosso alcance, mas enquanto a África estiver longe do resto do mundo na busca pela proteção global, haverá uma falha que o vírus poderá explorar de forma perigosa para voltar com força”, alerta.
A OMS lembra que as dificuldades para conseguir vacinas, que prejudicou a imunização no continente africano em 2021, foram resolvidas. Por isso, a prioridade é proteger as populações mais vulneráveis da doença.
Apesar da visível melhora da crise sanitária que sacudiu o mundo em 2020 e 2021, a OMS anunciou na quarta-feira (19/10) em Genebra que mantém o nível de alerta máximo em relação à covid-19. A instituição pede atenção para a pandemia “que já nos surpreendeu e pode voltar a fazê-lo”.